Coisas e Coisas
FESTIVAIS, CAMPEONATOS E PUBLICIDADEO Rock in Rio, o europeu de sub-21 e o mundial da Alemanha têm mobilizado os media. A TVI investiu dois milhões de euros na cobertura do europeu sub-21, com o objectivo de transmitir 15 jogos em directo, dois deles em alta definição. Em campo: 300 profissionais para esse trabalho. Quanto ao mundial, a começar esta semana na Alemanha, a TVI, que adquiriu os direitos de resumos de cinco minutos, tem uma equipa mais pequena: 16 profissionais.
Já a SIC transmitirá 13 jogos em directo do mundial 2006, com uma equipa de 50 profissionais. Nos dias dos jogos da nossa equipa, o noticiário das 20:00 terá emissões a partir da Alemanha. No Rock in Rio, outra aposta da estação, foram mobilizados 200 profissionais. Além do canal generalista, os canais de cabo – SIC Notícias, SIC Radical e SIC Mulher – garantiram a transmissão do festival.
Quais as razões para estes investimentos? Ter audiências, que garantam investimentos publicitários.
Mas também a rádio pública anunciou 100 mil euros a gastar no mundial de futebol, com uma grelha de seis a dez horas diárias enquanto Portugal estiver na competição, acompanhando também as selecções do Brasil e Angola. A RDP terá um estúdio central em Berlim, com 16 profissionais, 10 dos quais jornalistas. Além da rádio, um sítio da internet adequado ao evento é uma novidade a saudar.
Como nada pode ser deixado ao acaso, há um planeamento rigoroso para fornecer as melhores imagens, caso da televisão, e sons inesquecíveis, caso da rádio. A televisão, como o cinema, vive da espectacularidade da imagem. A cor, a alegria da vitória desportiva, em especial num espectador com o rosto pintado com as cores nacionais, ou a lágrima da derrota, aqui já com a pintura borratada, prende a atenção do realizador que escolhe a imagem e a põe no ar.
A rádio perde neste sentido, pois a imagem inexistente tem de ser reconstruída pelo locutor ou relatador. E há vozes que ficam ou ficaram na nossa memória: Artur Agostinho, Jorge Perestrelo. Do caloroso das suas transmissões ficam marcas no ouvido. A rapidez verbal, o uso de adjectivos, a construção de novas palavras, a gargalhada, o comentário irónico – fazem parte do portfólio do relatador. O qual ainda precisa de gritar a plenos pulmões quando Portugal marca um golo. Ao contrário, quase não se ouve o relatador se a equipa adversária marca um golo. Há, aqui, um lado tendencioso, mas que gostamos – evidentemente.
Isso leva-nos a falar do fenómeno das bandeiras. Em 2004, todos o recordam, foi um delírio, levado em crescendo até à final. As bandeiras eram transportadas pelos fãs, adornavam janelas e automóveis. Havia cachecóis e autocolantes. Agora, a escassos dias do arranque do mundial de futebol, já voltamos a ver as bandeiras expostas em bairros mais populares, ao passo que a imprensa lança cadernetas de cromos ou posters.
E, em último lugar na crónica que não em termos de importância, a publicidade em torno destes eventos, com destaque para as cervejeiras. Este ano, há uma guerra publicitária entre as duas principais fábricas de cerveja. Que não se poupam a anunciar novos nomes e sabores, com muita animação nos seus anúncios. A preços de tabela (excluindo os descontos negociados com o meio de comunicação), o investimento no mercado publicitário geral subiu 13% em Abril relativamente ao mês homólogo do ano passado. Uma das cervejeiras aparece em quarto lugar nessa lista.
Outras cervejeiras, de dimensões mais pequenas, não podendo apoiar grandes acontecimentos, apostam em propostas alternativas, com viagens,
happy hours, com cervejas à borla numa dada hora, ou venda de duas cervejas ao preço de uma.
Claro que festa e bebida se aliam, para nossa maior alegria.
[crónica apresentada hoje de manhã no sítio da
Antena Miróbriga Rádio ou em 102,7 MHz (área de Santiago do Cacém)]
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