Barcelos, Estremoz e Óbidos são cidades portuguesas distintas e distanciadas entre si. O que pretendo aqui, em poucas linhas, é traçar pontos convergentes e divergentes em torno do conceito de cidades criativas e a partir de duas ideias: produtos próprios e promoção.
Barcelos e Estremoz têm tradição numa velha expressão artesanal: o imaginário de figuras populares em forma de barro. Mas Barcelos faz muito mais que Estremoz pela sua promoção, como se pode observar na exposição de Rosa Ramalho, barrista de forte reconhecimento (ver aqui no blogue), em magnífica exposição patente até ao próximo ano no Museu da Olaria, e em esculturas representando galos, símbolo da cidade, expostos no perímetro histórico da cidade. Estremoz recolhe os seus objectos do mesmo imaginário rural, de igual ou melhor valor estético, no Museu Municipal, em promoção deficiente (caso do catálogo). Nos dois casos, os elementos que um investigador ou o mero turista recolhe são muito distintos. Além que Barcelos privilegia a exposição de símbolos artísticos no exterior (Estremoz teve patente recentemente colchas dentro da perspectiva de arte ao vento, mas tratou-se de uma exposição vinda de outra cidade e com autores fora de Estremoz). Apesar das diferenças, ambas as cidades têm de se empenhar na venda de artesanato dessas figuras.
Óbidos é um caso particular, certamente. Perto do litoral, com uma cidade medieval rodeada por muralhas, soube reinventar-se. Além da rua principal e das suas lojas, nos anos mais recentes, entrou nos circuitos turísticos com mais uma ideia-actividade: a festa do chocolate. E em produtos complementares, como as ginjinhas bebidas numa pequena chávena de chocolate. Para além da beleza da cidade antiga, a substancial presença de forasteiros deve-se ao consumo da bebida.
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