A REPRODUÇÃO DA OBRA E A PERDA DE AURA EM WALTER BENJAMIN
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A REPRODUÇÃO DA OBRA E A PERDA DE AURA EM WALTER BENJAMIN



Benjamin parte do princípio que as obras de arte foram sempre susceptíveis de reprodução, como o relevo por pressão, a fundição e a litografia. Contudo, continua, a reprodução técnica da obra de arte seria um fenómeno novo no conhecimento humano. Como exemplos, ele destacou a fotografia e o cinema. Especifica: com a fotografia, o homem deixa de executar tarefas artísticas essenciais, reservadas para a objectiva.

Nessa reflexão, afirma que, à reprodução mais perfeita, falta o aqui e agora, a unicidade, a autenticidade. Se a reprodução feita pelo homem é apenas reprodução ou falsificação, com o original a manter a sua autoridade, na reprodução técnica não há original e cópia. Admite a desvalorização, porque a autenticidade de uma obra é o que ela contém de transmissível, de duração material ao seu poder de testemunho histórico. Recorre à noção de aura, rebaixada na era das técnicas de reprodução. Multiplicando os exemplares, um acontecimento que só se produziu uma vez constitui-se como fenómeno de massa. Logo, a reprodução de exemplares questiona a autenticidade, confere actualidade e implica perda da aura. Benjamin define aura num objecto como a aparição única (ou rara) de uma realidade longínqua. Ele encontra duas tendências: 1) exigência que as coisas estejam próximas, 2) a reprodução deprecia o que é único.

Por outro lado, a recepção da obra de arte tem dois valores fundamentais: 1) objecto de culto, 2) valor de exposição. Com a fotografia, o valor de exposição remete para plano secundário o valor de culto. E, no cinema, à redução do papel de aura (de único, inacessível, original, culto) opõe-se a personalidade do actor – culto da vedeta, magia da personalidade, identificação da personalidade com o actor (e vice-versa).


Leitura: Walter Benjamin (1985). “A obra de arte na era da sua reprodução técnica”. In Eduardo Geada (org.) Estéticas do cinema. Lisboa: Pub. Dom Quixote



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