A pérola, de John Steinbeck
Coisas e Coisas

A pérola, de John Steinbeck


John Steinbeck é um escritor americano do século XX ganhador do prêmio Nobel de literatura e cheguei a ele através de uma edição de um pocket book chamado "A pérola". Já havia ouvido falar dele pelo livro "Of mice and man", mas este ainda não li. Segue abaixo considerações sobre a obra onde relato praticamente todo o roteiro do livro, não recomendo a leitura para aqueles que ainda podem ter a chance de ler a obra.

Em "A pérola", Steinbeck conta-nos a história de um camponês de origem espanhola vivendo em um vilarejo nos Estados Unidos. Um dia seu filho é mordido por um escorpião e o único médico da cidade nega o atendimento dizendo que não está, posto que não cuida de filhos de camponeses. Para que conseguisse pagar o médico, Keino vai à procura de pérolas no mar e eis encontra uma pérola realmente enorme e maravilhosa dentro de uma ostra. Com isso ele pensa que sua vida estará para sempre garantida e seu filho curado, posto que a pérola vale certamente milhões de dólares. Logo a notícia sobre sua pérola espalha-se pela cidade e todos querem estar perto dele e ter com o mesmo, sua popularidade cresce. O padre na Igreja pensa que a venda da pérola ajudaria em uma reforma há muito desejada. Mesmo o doutor aristocrata que negara atendimento ao seu filho picado por um escorpião agora visita sua casa para tratar do doente. Entretanto, quando Keino vai vender a pedra aos comerciantes locais para posterior revenda na capital, ele é informado que uma pérola assim tão grande não tem nenhum valor comercial e trata-se senão de mera curiosidade, talvez adquirida por algum museu. Ainda assim, pessoas da cidade vão à sua casa tentar matá-lo para obter a pedra e ele precisa escondê-la muito bem. Decide-se então que sua pérola vale mesmo milhões e resolve viajar dias andando até a capital para conseguir vendê-la pelo preço apropriado. Ódio e inveja crescem sobre ele na cidade e sua casa é queimada logo que ele sai com destino à capital, juntamente com sua mulher e seu bebê já reestabelecido da picada do escorpião. Keino escuta a "música da família" quando está tranqüilo e em paz. Durante a viagem, o camponês é seguido por três homens e precisa estar sempre escondendo seus rastros para que não seja seguido. Mas os rastreadores sempre dão um jeito de estarem atrás dele. Em certo momento, ele decide armar uma armadilha para pegar os sujeitos. A armadilha é razoavelmente bem sucedida e ele consegue matar os três perseguidores, mas um deles havia atirado em direção a um barulho que ouvira logo antes e, dessa forma, acertara também seu bebê que então morre. Depois de toda essa desilusão, casa queimada, bebê morto, ele desiste de tudo isso e volta para a cidade. À beira do mar, ele lança a pérola o mais longe que consegue, desistindo do sonho da riqueza e então o livro termina dando a entender que ele voltará a sua vidinha normal de camponês.

A meu ver o livro trata da ambição dos homens e da exploração dos pobres pelos ricos. Não fica bem claro se a pedra valia muito ou não, mas parece que sim. O médico que só o recebe depois de saber da história da pérola tem claramente preconceito com os camponeses e é mais um aristocrata de má índole. Dá a impressão de que ele dá um falso-remédio para o bebê apenas para que os camponeses precisem mais uma vez de sua ajuda. Tudo dá errado desde que Keino encontra a pérola, mas ele insiste sempre em continuar -- ao contrário do que lhe implora a mulher -- para conseguir vender a pedra e ficar rico. Dá com os burros n'água e volta para a cidade com mãos abanando, sem casa, sem filho e completamente desiludido.

Enfim, é uma leitura agradável, embora não haja nada de muito especial no enredo, na trama ou na forma de se contar a história. Percebe-se claramente a ambição dos homens tanto quanto o preconceito e a exploração dos ricos com relação aos pobres. Por isso, o link da wikipedia sugere que a obra possa ser algum tipo de defesa do socialismo. Sem dúvida é uma crítica à ganância e ao capitalismo, para se dizer o mínimo.



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