Coisas e Coisas
A pastinha vagabunda
Um amigo prometeu me ajudar a fazer um portfólio com minhas reportagens. Algo decente, moderno, digital, para ser entregue a um futuro empregador num minúsculo pen drive. Embora o QI seja indispensável hoje em dia, uma boa apresentação de nosso trabalho sempre ajuda. “Duda, nem pense em usar mais aquela pastinha vagabunda, cheia de papel amarelado”, ameaçou. “Você vai continuar desempregado pro resto da vida.”
Enquanto ele falava, fiz uma viagem aos meus 20 e poucos anos. A pastinha, apesar de ordinária, reunia minhas grandes matérias. Estava esquecida num armário qualquer, ao lado de uma pilha de jornais que nunca tive coragem de arquivar. Coisa de gente preguiçosa. Resgatar aquela papelada seria um reencontro com o início de minha carreira. Lembranças de uma época de descobertas, entusiasmo com o jornalismo, erros inocentes que hoje me fariam rir. Bons tempos que, infelizmente, não voltam.
O cubano Pedro Juan Gutiérrez, no livro
Trilogia suja de Havana, escreve: “É impossível me livrar das saudades porque é impossível se livrar da memória. Você não pode se livrar daquilo que amou”. Ele tem razão.
- E vê se escaneia essa porra direito, completou o meu amigo.
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