Coisas e Coisas
A ópera do Malandro, o filme
Já o filme da "Ópera do Malandro" não tem a mesma desculpa do Orfeu Negro. Foi produzido em 1986 tendo como elenco peças grandes do elenco nacional à época (e ainda hoje). Edson Celulari representa o malandro, Ney Latorraca o policial tigrão, Cláudia Ohana é a filha do alemão dono do cabaré que se apaixona pelo malandro e Elba Ramalho é uma ex-prostituta (se entendi bem) que se casou com o policial, mas o trocou pelo malandro. O roteiro foi produzido pelo próprio Chico Buarque com a participação de Ruy Guerra e Orlando Senna.
O filme é bem fraco, principalmente para quem conhece e ama as músicas que refletem a boêmia carioca cantada por Chico Buarque. Para começar, o filme vangloria o papel do malandro, envolvido em contrabando e pagando propina para policial. É claro que ele pode até refletir a realidade, mas mostrá-la de uma forma elegante e bonita me parece demais. Seria como se fizessem hoje um filme da corrupção do Brasil retratando Dantas e seus comparsas como heróis. O filme é imoral neste ponto.
Depois, sempre tive comigo as músicas de Chico segundo um ideal excessivamente romântico que no filme meio que se acafagestalha quando cantado na voz não muito graciosa de Édson Celulari. Mais uma vez volto a dizer que criticar é muito fácil e difícil é realmente fazer. Cláudia Ohana também não demonstra muito talento, a meu ver. Elba Ramalho faz o que Elba Ramalho faz melhor: cantar. E Ney Latorraca, esse sim, tem um papel impecável e mostra-se realmente como o grande ator que é. Canta, dança e interpreta com perfeição seu personagem. É ele quem faz a grande diferença neste filme.
Acho que tive uma certa ressaca do filme porque penso que a maravilhosa obra buarqueana foi mal apresentada e mal representada através dele. E como fã incondicional de Chico Buarque, fiquei assim um tanto quanto decepcionado com o resultado. Então às vezes penso que preferiria não tê-lo visto. A conclusão é: não recomendo a quem ama de paixão a obra do Chico. Aos outros, até recomendo para que a conheçam de uma forma um pouco mais contextualizada.
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