A imprensa segundo G.H.
Coisas e Coisas

A imprensa segundo G.H.


- Sente-se, seu Onofre, por favor. Dona Lurdes, dois cafés.

- Sim, senhor.

- Mas me diga, seu Onofre, em que posso ajudar? O senhor parece aporrinhado.

- E não é pra estar, seu Genival Herculano?

- Me chame de G.H., por favor.

- É sobre a notícia de minha pastelaria na edição da semana de seu jornal, seu G.H..

- Seu Onofre, acabo de voltar de viagem. Minha senhora quis ir pra Miami. Como aquela lá adora ter contato com uma nova cultura e, claro, fazer umas comprinhas. Nem acompanhei direito a nossa última edição.

- O seu jornal publicou uma nota dizendo que um cliente mastigou uma barata em um de meus pastéis.

- Não acredito, seu Onofre!

- Pois foi verdade, seu G.H..

- A barata?

- Não, a nota. A barata também... mas era uma barata miudinha. Não era pra tanto estardalhaço, entende?

- Não foi nenhuma baratona, cascuda, voadora.

- Longe disso, seu G.H..

- Entendo.

- Meu filho, que é metido com essas coisas de internet, me contou que a pastelaria virou até piada no Tuide, Tuite, sei lá.

- Seu Onofre, isso com certeza foi coisa do Clayton Júnior. O menino é bom repórter, mas tem mania de achar que jornalismo é denúncia, investigação. Já falei pra ele que aqui na cidade não podemos nos indispor com os amigos, com o prefeito Paulão, os comerciantes...

- A pastelaria tem anúncio de página inteira toda semana no seu jornal. Não é justo, o senhor sabe.

- Claro que não, seu Onofre. Mas o erro será reparado.

- Como?

- Pra semana que vem, vamos fazer uma matéria de capa com sua pastelaria. Haverá um grande pastelaço na cidade! O que o senhor acha? Eu mesmo vou aparecer numa foto comendo o seu pastel. Vamos mostrar que a barata não passou de um mal-entendido!

- Isso parece muito bom, seu G.H..

- Isso é ótimo. E peça pra seu filho divulgar o pastelaço no Twitter!

- O senhor é um grande homem da comunicação, seu Genival.

- G.H., por favor!

- G.H.!

- E tome logo esse café, seu Onofre, porque está esfriando. O senhor prefere açúcar ou adoçante?



loading...

- Loucura Em Três Atos
Ato 1 – Que dia perfeito - A matéria já está pronta, editor. Que matéria, que manchete! Vou arrebentar! - Ótimo, Luís. Já estamos fechando o jornal. - Eu sou foda, editor! - Você é foda, Luís Cláudio! O melhor repórter que eu já conheci....

- Ser Jornalista Ou Não Ser?
O meu pai, claro, acha loucura. Gustavo, jornalista é igual a jogador de futebol. Só meia dúzia se dá bem nessa vida. O resto rala. Tem tanta profissão que dá mais futuro, meu filho, sei lá, presta concurso pra Petrobrás, pro Banco do Brasil....

- Divã
Pode parecer maluquice minha, doutor, ou melhor, é maluquice, sim, caso contrário eu não estaria aqui. Se não fossem as maluquices, aliás, imagino que nem o senhor estaria aqui. Como eu posso descrever o meu problema? Bem, eu não consigo folgar....

- Acho Que Ando Ouvindo Vozes
É você que folgaria no próximo fim de semana? Quatro da manhã! São horas de voltar pra casa? Solta logo esse texto, porra! Desculpe, mas o doutor ainda vai demorar umas duas horas na reunião. Quer esperar sentado? Veja bem, o jornal está passando...

- O Homem Que Não Recusava Frilas
Assim como aqueles pobres infelizes topavam tudo por dinheiro no programa do Silvio Santos – vendiam as próprias calças em praça pública –, Olavo Marques, jornalista desempregado, topava tudo por um frila. Pouca grana, prazo apertado ou assunto...



Coisas e Coisas








.