A história da rádio
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A história da rádio


Na secção Histories and historiographies of radio da conferência da ECREA, Radio Research Conference 2015, realizada em Madrid (28-30 outubro), destaco as comunicações de Anja Lindelof (Universidade de Roskilde; Radio, music and liveness) e Steen Kaargaard Nielsen (Aarhus University; Danish radio broadcasting on trial – revisiting the 1931-debate on "living music" versus "mechanical music"), ambos dinamarqueses.

Anja Lindelof destacou o papel da orquestra sinfónica (orquestra de câmara) da rádio pública dinamarquesa, nascida em 1925 e desaparecida em 2014. No diapositivo abaixo, ela falaria das lutas de sobrevivência da orquestra. Primeiro, a atual modernidade da rádio implica o desaparecimento de um modelo com quase cem anos. Se a transmissão para restaurantes, por exemplo, pedida em 1937, perdeu total significado, ou o registo de discos pela estação de rádio foi abandonado pela atividade privada, o conceito de orquestra sinfónica representa uma mentalidade em termos de produção presente. Curioso em 1949 a separação entre rádio clássica e rádio de música ligeira, pelas semelhanças com a ação da nossa Emissora Nacional de Radiodifusão. A recente luta pela sobrevivência passou pelos patrocínios, pela criação de uma marca e por festas, como se se tratasse de uma banda que tem contactos massificados nos concertos. A autora teve tempo ainda para refletir na idade de ouro da música de câmara na rádio e na distinção entre alta e baixa cultura. O trabalho de Anja Lindelof inspirou-me a traçar uma linha na investigação que não imaginava existir.


Já Steen Kaargaard Nielsen, a trabalhar na edição de um livro sobre a matéria da querela em 1931 entre música ao vivo e música gravada, que o diapositivo abaixo (cartune) ilustra, tem igual paralelo na vida cultural portuguesa, o que indica que as realidades sociais e tecnológicas não andam distantes de país para país. Steen Nielsen desenvolveu uma ideia de som natural e de som metálico, de efemeridade da emissão radiofónica - e da sua imaterialidade, acrescento. Claro que a música ao vivo atingia poucas pessoas e identificadas com um estatuto social mais elevado, ao passo que a música gravada, a partir do momento da massificação e baixa de preços dos discos e dos dispositivos mediados da música, tornou-se uma espécie de propriedade do povo. O autor referiu ainda a importância dos jovens na renovação musical, pelo que falou de movimentos juvenis. Uma última nota: na Dinamarca, fala-se mais de música de ritmo do que música popular.






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