A história da rádio segundo Álvaro de Andrade (9)
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A história da rádio segundo Álvaro de Andrade (9)



Mais de cem músicos faziam parte das orquestras da Emissora Nacional em 1938. Com emissões experimentais desde 1934, a partir de Barcarena, e emissões oficiais desde agosto de 1935, já na rua do Quelhas, 2, em Lisboa, a Emissora Nacional daria emprego a quase todos os músicos do país, dada a inexistência de uma orquestra sinfónica nacional desde a I República. António Joyce, que reerguera das cinzas o orfeão de Coimbra, fora generoso no levantar orquestras dentro da novel estação. Ele saiu pouco depois de entrar na Emissora Nacional. Henrique Galvão sucedeu-lhe, atribuindo-se-lhe uma frase sibilina sobre o seu antecessor: as notas musicais zangaram-se com as notas do banco. Galvão reduziu bastante a dimensão das orquestras, mas ainda havia cem músicos integrados no quadro da estação.

Havia oito agrupamentos (entre parêntesis, coloco o nome do maestro): grande orquestra sinfónica (Pedro de Freitas Branco), orquestra genérica (Pedro Blanc), popular (Wenceslau Pinto), câmara (Frederico de Freitas), salão (Wenceslau Pinto), sexteto A e B (René Bohet), quarteto (Luís Barbosa) e trio (Silva Pereira). Só a grande orquestra sinfónica tinha 85 elementos, apresentados com instrumentos e nomes no texto de Álvaro de Andrade (Diário Popular, 29 de setembro de 1970): primeiros e segundos violinos, violas, violoncelos, contrabaixos, flautas, oboés, corne inglês, clarinetes, clarinetes baixo, saxofone, fagotes, trompas, trompetes, trombones e cuba, tímpanos, percussão, harpa e teclado.

O maestro Pedro Freitas Branco atingiria reconhecimento nacional e internacional durante as décadas de 1930 a 1950. O jornalista elencaria algumas das obras executadas pelo maestro, a quem dedicaria textos posteriores.

A Emissora Nacional dotava-se, deste modo, de instrumentos para criar gosto. António Ferro, que sucedeu ao intempestivo Henrique Galvão em 1941, dotou a rádio oficial (como se dizia à época) de novos instrumentos, como o Gabinete de Estudos Musicais e o Centro de Preparação de Artistas da Rádio, entre 1947 e 1948. De forma lenta - quase harmoniosa em termos de hoje - preparara-se a mudança de gosto: da música clássica para a música ligeira orquestrada. No final da década de 1960, um arguto jornalista, João Paulo Guerra, chamaria a esta produção de música ligeira de nacional-cançonetismo, matando o sonho de Ferro de elevar esteticamente a música ouvida pela população em geral e criar um novo gosto.



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