Coisas e Coisas
DEFENDIDA TESE DE MESTRADO SOBRE RÁDIO
Conforme destaquei ontem, foi defendida uma tese de mestrado, na Universidade de Coimbra, por João Magalhães Perpétuo Correia, intitulada
A convergência das novas tecnologias para o reforço do interesse e utilidade pública das rádios locais. Na tese, quero relevar o que o agora mestre João Correia escreveu sobre as rádios locais de Viseu, e que ocupou basicamente o capítulo 4 do seu trabalho.
Nos anos de 1980, Viseu assistiu ao aparecimento de quatro estações locais, inicialmente designadas "piratas", a exemplo do que aconteceu por todo o país. Assim, a Rádio Clube do Interior (RCI) surgiu em 1983, seguindo-se a Rádio Escala (1984), a Rádio NOAR (1986) e a Rádio Viriato (1987). Se a Rádio Escala ficou pelo caminho, as outras três estações chegaram até aos nossos dias, com percursos diferentes. À RCI, que em 1986 mudaria de proprietário e de filosofia de estação, é-lhe atribuída a maior potência de emissão das três rádios. Depois, em 1996, com nova mudança de proprietário (Anacleto Raimundo), RCI passa a significar Raimundo Comunicação Independente! Se a Rádio NOAR nasceu de um núcleo de cinéfilos ligados ao Cineclube de Viseu, a Rádio Viriato pertenceu sempre ao grupo Nodigráfica. Desde 1996, há uma rede de emissoras que partilham recursos, como os da informação: Rádio NOAR, F (Guarda), Sátão (Sátão) e Fronteira (Vilar Formoso).
Da leitura da tese é possível compreendermos a diversidade de origens, a evolução, os cruzamentos de orientações, vontades e caminhos, o voluntarismo de uns e a profissionalização de outros - na implementação e consolidação de projectos de rádio. O autor desenvolveu ainda (embora o pudesse ter feito mais profundamente) o tema da programação das estações. Ele regista ainda que as rádios têm tendência para uma "programação popular, sem qualidade de conteúdos e com uma informação assente na reprodução de conteúdos jornalísticos de outros órgãos de comunicação social".
Retiro, da tese, um conjunto de tendências: 1) media de proximidade (como defendi nos últimos posts) - há uma realidade que os media locais conhecem e trabalham melhor, como a identidade; 2) ligação ao tecido empresarial, cultural e económico de uma zona ou região; 3) entusiasmo das rádios piratas ou livres, juntando pioneirismo, aventura e juventude; 4) evolução sequencial das prioridades e preocupações - tecnológicas, estético-culturais, financeiras e empresariais. Afinal, as questões dos amadores da rádio (década de 1920), dos defensores de televisão de proximidade (década de 1980), dos blogues (anos recentes).
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