Coisas e Coisas
O ACESSO AO JORNALISMO
Saiu, no último número da revista
JJ - Jornalismo & Jornalistas, um texto assinado por Sara Meireles Graça, docente na Escola Superior de Educação de Coimbra, onde se aborda o acesso ao jornalismo. O trabalho faz parte da tese de mestrado da autora (ISCTE).
Pergunta ela: como se processa a entrada na profissão de jornalista em Portugal? Há atributos necessários ao exercício da profissão? Qual o papel da escolaridade? E do estágio? A autora partiu de duas bases: 1) último inquérito nacional aos jornalistas portugueses (1997), sob orientação de José Luís Garcia (uma amostra de 251 num total de 4247 jornalistas), 2) elementos estatísticos do Sindicato dos Jornalistas e da Comissão da Carteira Profissional dos Jornalistas (2001-2002).
Para Sara Meireles Graça, os jovens candidatos aos media "ingressam em lógicas emergentes de produção jornalística, de cariz «comunicativo», num panorama de fortes influências do audiovisual, da publicidade e do marketing e, sobretudo, de extrema competição entre grupos empresariais". Daí ser importante, na visão da autora, "analisar a forma de entrada no mercado de trabalho jornalístico, o estudo dos perfis de recrutamento, os critérios de acesso à profissão, o tipo de acompanhamento nos estágios, a escolaridade exigida à actividade, a inserção e socialização profissional dos recém-chegados ao ofício". A autora critica o modo como se fazem os estágios, desestruturados e marcados "pela existência de um contingente de reserva". A concorrência entre candidatos opera "num universo de trabalho precário e mal pago", encurralados " por um poderoso universo industrial, que atira os mediadores para a condição de meros «canalizadores» de informação".
Acresce-se que, conforme a autora, a análise inclui apenas a parcela de jornalistas que conseguiram inserir-se na profissão. Os que entram em estágio e saem sem vínculo ou que abandonam a profissão traçariam um quadro diferente e mais pessimista. Conclui Sara Meireles Graça que os jornalistas portugueses "continuam a dividir-se entre uma elite consagrada e poderosa, bem recompensada e socialmente prestigiada, e os largos sectores de «anónimos», com a missão de produção informativa mais rotinizada e mal paga, «silenciados» pelo seu estatuto frágil e precarizado".
O texto é acompanhado por um conjunto de quadros, muitos deles a partir do II inquérito nacional aos jornalistas portugueses, de 1997. O quadro 1, desdobrado em quatro partes, tem elementos mais recentes (2001). Neste, por exemplo, fica-se a conhecer o crescimento das mulheres na profissão (de 32,8% em 1997, para 36,2% em 2001).
A
JJ é uma edição do Clube de Jornalistas, responsável pelo programa televisivo com o mesmo nome no canal televisivo 2:.
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