Coisas e Coisas
RELATÓRIO SOBRE ENTRETENIMENTO E MEDIA GLOBAIS PARA 2004-2008
Editado pela PriceWaterhouseCoopers, saiu o
Global Entertainment and Media Outlook: 2004-2008. Nele, consideram-se que as indústrias culturais (media e entretenimento) irão crescer, nos próximos anos, mais que a economia mundial (aumento médio anual de 6,3%, face a um crescimento económico global de 5,7%, segundo previsões do Banco Mundial, da PriceWaterhouseCoopers e da Wilkofsky Gruen Associates). O estudo engloba 14 segmentos, como os media (jornais, revistas, rádio), acesso à internet e os ligados à cultura (cinema e indústria fonográfica). A PriceWaterhouseCoopers, que inclui áreas que eu neste blogue não tenho dado importância – casos dos parques temáticos e do desporto –, divide o mundo nas seguintes áreas comerciais: Estados Unidos, EMOA (Europa, Médio Oriente e África), Ásia/Pacífico, América Latina e Canadá. A consultora aponta uma região e uma actividade como os grandes motores: 1) Ásia, e 2) videojogos. A China e a Índia crescerão 9,8% anuais nos próximos cinco anos. Já os videojogos subirão 20,1% anualmente, indo dos cerca de €22,3 milhões para perto de €56 milhões em 2008.
Cinema e redes de televisão terrestre e por cabo
No caso do mercado do cinema, o relatório considera os consumos em cinema de sala, compra e aluguer de vídeos (DVD e VHS), distribuição de filmes através de serviços de assinatura e com aluguer on-line (mas não inclui os vídeos musicais, englobados no capítulo de música gravada). Neste mercado, e a nível mundial, a PriceWaterhouseCoopers projecta um aumento de 75,3 biliões de dólares, em 2003, para 108 biliões de dólares, em 2008. A região EMOA será a de maior crescimento (10,3% anuais). O principal motor mundial é o da venda de DVD em detrimento do aluguer. A transição do VHS para o DVD permite evidenciar, para breve, a maior aquisição de filmes em DVD face à tecnologia mais antiga. Isso terá maior impacto nas áreas da Ásia/Pacífico e América Latina. O relatório aponta ainda para a reformulação das salas de cinema, com novos ecrãs e projecção digital, em especial nos mercados da Ásia/Pacífico, América Latina e EMOA.
Quanto ao mercado de televisão, ele insere a publicidade nas redes de sinal aberto e por cabo. O relatório projecta uma alteração nos valores de publicidade que passam das redes de televisão de sinal aberto para os meios de televisão a pagamento. Inclui ainda o sistema de pay-per-view e video-on-demand.
Música gravada (indústria fonográfica), rádio e internet
Engloba os formatos clássicos (CD, cassetes, vinil e DVD) assim como os novos formatos (distribuição on-line e música digital com licenças). Das previsões, a PriceWaterhouseCoopers aponta um crescimento das vendas de distribuição digital autorizada de $13 milhões em 2002 e de $71 milhões em 2003 para $2,2 biliões em 2008, tornando-se o principal motor do crescimento de toda a indústria musical, isto apenas para o mercado dos Estados Unidos. Por outro lado, acentua-se a transição das cassetes de baixo custo para os CD de mais elevado preço na Europa de Leste e Médio Oriente/África.
Nos Estados Unidos e na rádio, prevê-se que haja um incremento de publicidade, em termos de marcas nacionais, e um aumento da concorrência nos mercados locais. Por seu lado, na Europa ocidental estima-se um aumento de 2,8% anuais, na Europa de Leste um crescimento de 8,7% e no Médio Oriente/África um valor de 7,9%.
Quanto à internet, prevê que a banda larga seja o motor de desenvolvimento nos Estados Unidos, mas também na área da EMOA, com queda acentuada de preços, e apesar da expansão da 3G de telemóveis (ainda muito longe da massificação). A internet inclui também a publicidade classificada gerada nos sítios, dado que tal rubrica não aparece na rubrica “jornais”. Os investimentos nas infra-estruturas de telecomunicações na Índia e na China levarão a um rápido desenvolvimento no uso da internet, ao passo que na América Latina se espera uma expansão mais moderada, acompanhada pela emergência da banda larga, o que estimulará a publicidade on-line.
Videojogos
O mercado de videojogos inclui jogos de consola, de computador, on-line e sem fios, para além do hardware e dos acessórios para jogar os jogos. Nos Estados Unidos, é o segmento dos jogos sem fios que conhece o maior crescimento, indo dos $562 milhões em 2003 para os $6,2 biliões em 2008. Mas também se projecta o mesmo para os países da EMOA enquanto a alta taxa de penetração da banda larga representa num futuro próximo no Japão, China e Coreia do Sul um aumento de grande intensidade nos jogos de múltiplos jogadores, que serão o motor dos jogos on-line. Já na América Latina, prevê-se o crescimento nos jogos de computador.
Mercado de edição de revistas, jornais e livros
Apesar da concorrência da televisão, estima-se um crescimento das revistas. No caso da Europa, os três maiores mercados (França, Alemanha e Reino Unido) atingiram $7,7 biliões, $6,7 biliões e $6,4 biliões respectivamente, em 2003, constituindo 58% do total do continente. Já para os jornais, estima-se o arranque de uma campanha para atrair jovens leitores nos diários, nos Estados Unidos, ao passo que, nos países da EMOA, se julga que leis e políticas governamentais influenciarão e criarão alterações necessárias na indústria da informação.
Incluo nesta secção, ao contrário do relatório, a edição de livros. De entre as áreas comerciais do mundo, a PriceWaterhouseCoopers entende que, para o mercado norte-americano, a edição de livros começará a ser uma indústria da vanguarda, concluídas as mudanças nas dinâmicas dos editores e no aumento da importância dos distribuidores, ao passo que na EMOA se estima que a edição de livros digitais (e-books) conheça um desenvolvimento apreciável.
Outros segmentos
Os parques temáticos e o desporto representam novas áreas de interesse no relatório agora publicado.
PROPOSTA DE ALTERAÇÃO DA LEI DA RÁDIO
Segundo refere a newsletter Media & Publicidade de hoje, e citando uma nota da Associação Portuguesa de Radiodifusão, fica sem efeito a alteração prevista para a lei da rádio, devido à situação política actual. A mesma nota continua: «No que respeita aos restantes diplomas constantes do processo de Reforma da Comunicação Social Regional e Local, não sofrem qualquer alteração com esta situação, uma vez que foram já aprovados em conselho de Ministros, pelo que resta apenas aguardar a sua publicação e respectiva entrada em vigor». Entre eles encontram-se os diplomas respeitantes ao Sistema de Apoios do Estado aos órgãos de Comunicação Social Regional e Local, a distribuição da Publicidade do Estado e o Porte Pago.
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