Coisas e Coisas
HENRI CARTIER-BRESSON (22.8.1908-3.8.2004)
As imagens e páginas que insiro de seguida foram retiradas, respectivamente, da
Visão (12 de Agosto),
DNA (13 de Agosto) e
Expresso (14 de Agosto), fazendo-se acompanhar de textos e belas imagens do fotógrafo agora desaparecido.
Henri Cartier-Bresson nascera no interior de uma família rica com negócios ligados à indústria têxtil. Mas, logo aos 15 anos, renunciou ao ramo da família e dedicou-se ao estudo da pintura. Marcado fortemente pelo surrealismo e apoiante da Frente Popular [um filme agora visto por mim,
O Agente Triplo, de Éric Rohmer, faz-me pensar numa revisão da história desse período], Henri Cartier-Bresson iria, em 1931, para a Costa do Marfim, já apaixonado pela fotografia. No ano seguinte descobre a máquina fotográfica Leica, que o acompanhará doravante.
Depois, é a vez de se deslocar ao continente americano. Expõe, em 1933, em Nova Iorque e publica
Arts et métiers graphiques. Percorre o México - crucial para o seu trabalho - e os Estados Unidos em 1934-5. Nos anos seguintes, está a servir de assistente do cineasta Jean Renoir. Na guerra, seria preso pelos alemães, conseguindo fugir à terceira tentativa, em 1943. Terminava, nessa época, aquele que se considera o seu período de juventude, a que se seguiu o da maturidade, coincidindo com o pós II Guerra Mundial.
É em 1947 que funda a agência Magnum, conjuntamente com Robert Capa, "Chim" Seymour e George Rodger, e inicia a série de imagens fotojornalísticas, nos anos 1950 e 1960. Ainda em 1947, assiste aquilo que seria a sua retrospectiva póstuma no MOMA de Nova Iorque. Logo no começo da Guerra, os americanos, julgando-o morto, quiseram prestar-lhe uma homenagem. Só que ele estava apenas preso, como escrevi acima, e a exposição foi adiada para depois do final do conflito.
Bastante mais tarde, rompe com a Magnum em 1966 e casa, quatro anos depois, com a fotógrafa Martine Franck. Abandona a fotografia e passa a dedicar-se ao desenho, embora nunca com o mesmo génio do fotógrafo.
Fotografar como fusão dos olhares humano e tecnológico
É neste sentido que aponta João Mário Grilo no seu texto publicado na
Visão de 12 de Agosto. Mas vejamos as próprias palavras do cineasta e académico português: "o seu desaparecimento vem recolocar, dolorosamente, uma série de questões fundamentais sobre as imagens, o posicionamento ético e formal de quem as produz e o respeito que merece quem as vê. Qualquer fotografia de Cartier-Bresson é uma resposta «instantânea» e sublime a todas estas questões: a realização suprema da fotografia como fusão entre o mistério do olhar humano e o (não menor) mistério do olhar tecnológico". Dizia Cartier-Bresson: "Para mim, a fotografia é o reconhecimento simultâneo, numa fracção de segundo, do significado de um acontecimento e da organização exacta das formas que o expressam" (frase que cobre a capa do
DNA, de 13 de Agosto). Por isso se permitia dizer "Susan Sontag? Nunca li. E não sei se ela é muito visual, mas é uma senhora gentil que fotografei" (da entrevista dada por ele a Sheila Leirner e editada no mesmo
DNA). E mais: "Benjamin, Barthes, a mesma coisa, não me interesso por teorias sobre fotografia".
A fotografia em si não o interessava ,ainda segundo a mesma entrevista: "O que me importa é a vida e o meio imediato de transcrevê-la. A máquina fotográfica é um caderno de
croquis, é o desenho imediato, com a sensibilidade, a surpresa, o subconsciente, o gosto pela forma. Eu faço pintura, estudei pintura desde os 15 anos".
loading...
-
Sam Shaw - 60 Anos De Fotografia
A inesquecível fotografia de Marilyn Monroe de pé sobre um respiradouro do metro e uma lufada de ar soprando o seu vestido branco é um dos trabalhos mais conhecidos do fotógrafo nova-iorquino Sam Shaw e, naturalmente, faz parte das cerca de 200 imagens...
-
"sam Shaw: 60 Anos De Fotografia", No Centro Cultural De Cascais A Partir De 11 De Setembro
A Shaw Family Archives elegeu o Centro Cultural de Cascais como ponto de partida para a digressão mundial da grande retrospetiva da obra do famoso fotógrafo nova-iorquino, que inaugura no final deste Verão e conta com imagens raras e nunca antes apresentadas...
-
Sobre A Fotografia
Quando voltei a olhar para uma das fotografias da pequena colecção que Eduardo Cintra Torres me enviou e que abaixo coloquei, dei-me conta do seu valor sociológico e estético. Em primeiro lugar, o olhar do fotógrafo sobre a composição principal:...
-
Recuperadas Fotografias De Robert Capa
Cerca de 3500 imagens feitas pelo fotógrafo de guerra Robert Capa foram recuperadas pelo International Center of Photography em Nova Iorque. Fotografias da Guerra Civil de Espanha estavam perdidas até serem agora descobertas no México. Entre elas,...
-
ESPELHO MEU É o título da exposição patente no CCB sobre Portugal visto pelos fotógrafos da Magnum. Lê-se: "Em 2001, ao percorrer os arquivos da Magnum, encontrámos mais de 1000 imagens sobre Portugal, a maioria das quais nunca tinha sido objecto...
Coisas e Coisas