Coisas e Coisas


AS MINHAS ÚLTIMAS LEITURAS DE JORNAIS

A ler - e espero comentar nos próximos dias - o artigo ontem assinado por Mario Vargas Llosa, Razões contra a excepção cultural, no "DNA" (Diário de Notícias). Porque é um tema fulcral nas indústrias culturais e porque o autor se refere explicitamente a dois países perto de nós: Espanha e França.

Na imprensa de hoje, gostei do texto de Patrícia Nunes, no Público, Cinema sob o céu de Lisboa, acerca da FESTA DO CINEMA organizada pelo INATEL (e que já aqui fiz uma referência fugaz).

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Por €1,5 cada sessão, vi os filmes A vida e tudo o mais, de Woody Allen (2003) (e descobri uma interessante actriz: Christina Ricci) e Por duas moedas, de James Foley (1995) (com uma portentosa interpretação de Al Pacino) e revi Kill Bill vol. 1, de Quentin Tarantino (2003), Mystic River, de Clint Eastwood (2003) e Lost in translation, de Sofia Coppola (2003). Se, como diz a peça do jornal, se ganha espaço como se estivéssemos numa esplanada, com estrelas e aviões em fundo, quanto a mim perde-se qualidade de imagem e de som, apesar do ecrã grande. E o projeccionista no dia do filme de Coppola estava perfeitamente desastrado, não atinando com o enquadramento do filme: ora se via a girafa do microfone no filme ora não se liam as legendas. Quando acertou, levou uma salva de palmas. Uma coisa curiosa nestas audiências ao ar livre foi verificar alguma infantilidade nelas: no filme de Tarantino, na longa sequência num restaurante, em que a Noiva decapita e decepa, com efeitos especiais de sangue a jorrar, o público ria-se. Não percebi porquê. Aproveitei também o filme de Sofia Coppola para apreciar melhor a banda sonora. [adenda colocada no domingo, dia 22: vi ainda a última sessão, o filme português de António Pedro de Vasconcelos, Os imortais, com uma grande representação de Nicolau Breyner, actor de teatro, criador de telenovelas e de empresas de audiovisuais. No final da projecção, parte do público bateu palmas. O que me levaria a concluir ser incorrecta a minha análise acerca da audiência. Parece-me, afinal, tratar-se de um público popular, que se expressa de modo mais livre que numa sala fechada, fumando mesmo um cigarrinho de quando em vez].

expresso.JPG E no caderno "Actual" do Expresso, que publico parte da capa -uma belíssima capa - realço esse tema, com textos assinados por João Lisboa, O admirável mundo eléctrico. Fiquei cheio de inveja pelas peças. Lisboa escreve muito bem e toca um tema que eu - e muita gente no mundo - gosto. O lead diz ao que vamos: "Em 1954, há 50 anos, Elvis Presley inventou o rock'n'roll e Leo Fender criou a Statocaster. Evocação de uma aventura eléctrica". Jimi Hendriz, porque era canhoto, tinha uma Fender adaptada; The Edge, dos U2, fã da Fender, usou uma Gibson em Achtung Baby. Se Slash (Guns N'Roses) toca com uma Gibson, o último Eric Clapton adopta uma Fender.

Depois da leitura deste caderno só me resta ouvir a Radar (97.8 Mhz, em Lisboa). E destacar a qualidade do "Actual", que constitui com o "DNA" o par de cadernos da imprensa portuguesa que mais prazer e informação me dá.



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