Coisas e Coisas
AS MINHAS LEITURAS DOS JORNAIS DE HOJE
Acabar com o telelixo no horário infantil (
El Pais, p. 34) - É o que Carme Chacón Piqueras, secretária de Cultura da Comissão Executiva do PSOE, gostaria de fazer.
Para ela, as crianças espanholas passam quase o dobro do tempo frente ao televisor se o compararmos com o tempo gasto com os seus professores. Se na escola tem 800 horas anuais, o aluno consome 1400 horas de televisão no mesmo período de tempo. E o que vê nesse tempo? Mais de 12 mil actos violentos como assassinatos, suicídios, ataques com armas de fogo e sequestros. E as matérias desse currículo formativo televisivo são: deseducação sexual, machismo e homofobia, banalização da violência do género (feminino) e de maus tratos e incitamento ao consumo de drogas.
Carme Chacón trabalha os dados de um estudo recente da Fundação Infância e Aprendizagem, encomendado pelo ministério da Educação, o qual revela que a televisão se tornou o principal meio de compreensão da realidade das crianças espanholas. E retira duas conclusões, já introduzidas acima. A primeira é a de que as crianças passam quase o dobro do tempo a ver televisão do que a aprender com os professores. A segunda conclusão é que o que elas recebem do ecrã se torna parte essencial da sua representação da realidade. A televisão, portanto, retirou à escola o tradicional papel de agente principal na socialização de crianças e adolescentes. O que se pode reflectir em desprezo pelos direitos fundamentais da honra, da intimidade, da verdade e da presunção da inocência, acompanhados por uma linguagem soez e por um maus gosto permanente.
No momento em que programas como
A rua Sésamo,
O cometa branco ou
Os cinco desapareceram, o dedo é apontado às questões económicas. Os programas de telelixo têm, para os programadores, uma boa relação preço-audiência. Enquanto o custo de um capítulo de uma série de produção espanhola ronda seis mil euros por minuto, o custo de um reality-show ou de um programa de coração custa €300 por minuto.
Tele 5 com multa de 350 mil euros por fazer contraprogramação (
El Pais, p. 69) - O governo espanhol tomou ontem a decisão de multar o canal Tele 5 por não cumprir a norma de 11 dias de antecipação relativamente a alteração de programas, como obriga a lei da Televisão sem Fronteiras. O canal decidiu emitir um episódio da série
Los Serrano quando o que estava anunciado previamente era a estreia da sétima temporada de
Hospital Central.
Isto não seria notícia se não fosse a multa avultada e, especialmente, por se tratar da primeira vez que tal acontece no país vizinho. A decisão política, muito pesada, assenta no facto de o canal ter cometido mais do que uma infracção em termos de contraprogramação e porque tal foi feito numa franja horária de grande índice de audiência (20:30- 00:00). Apesar de haver legislação desde anos atrás, a verdade é que contraprogramar tem sido uma prática frequente de todos os canais. A questão promete mais desenvolvimentos, com a Tele 5 a ameaçar recorrer de uma decisão sem fundamento jurídico.
E como aconteceria em Portugal, caso o governo tomasse uma decisão semelhante?
loading...
-
ServiÇo PÚblico De TelevisÃo (iii)
O texto de Condorcet da Silva Costa, Alguns aspectos financeiros e orçamentais dos programas de televisão, partiu da ideia comum que o gasto de uma emissão em televisão na RTP em meados da década de 1960 andava à volta de um conto por minuto, valor...
-
TelevisÃo E CrianÇas
Ontem, na Universidade Católica, realizou-se um colóquio sobre televisão e crianças, dentro do espírito do 41º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Foram cinco os conferencistas. A primeira, Teresa Paixão, directora de programas infantis da...
-
SEXO E DROGAS EM REALITY SHOW DA TELEVISÃO HOLANDESA O programa Spuiten & Slikken - que se pode traduzir por Injecta e Engole [tradução simpática; há uma outra que não me permito aqui reproduzir] -, a começar no próximo dia 10 no canal holandês...
-
SÉRIES: O FORMATO REI NAS TELEVISÕES ESPANHOLAS Lê-se no El Mundo de hoje (peça assinada por Angel Fernandez) que as séries espanholas reinam nas cadeias de televisão, pela terceira temporada consecutiva. O exercício de 2004-2005 confirmou o protagonismo...
-
Canal Televisivo árabe Banido De França
Há pouco tempo fiz aqui referência ao lançamento de um canal de televisão por satélite, em língua árabe, em França. O canal Al-Manar, perto do grupo radical palestiniano Hezbollah, prometera não fazer campanha anti-semita. Agora, a França solicitou...
Coisas e Coisas