Coisas e Coisas
SERVIÇO PÚBLICO DE TELEVISÃO (III)
O texto de Condorcet da Silva Costa, Alguns aspectos financeiros e orçamentais dos programas de televisão, partiu da ideia comum que o gasto de uma emissão em televisão na RTP em meados da década de 1960 andava à volta de um conto por minuto, valor muito acima da realidade. Apesar de não datado, o trabalho de Costa deve ser de 1967, pois refere-se a dados do ano anterior a esse.
Escreve que em 1957 houve 665 horas de emissão e um gasto total de 18027 contos na RTP, logo o minuto custou 451$00. Já em 1966, o total de horas de emissão atingiu 2930 horas com o custo global de 97165 contos, pelo que o preço à hora foi de 556$00. O autor - que compara os custos de emissão entre a RTP, a BBC e a RAI, ficando o canal português entre a gastadora televisão italiana e a poupada inglesa - indica que as despesas com os programas atingiam 30% do orçamento geral de cada ano, ficando os restantes 70% para custos de pessoal. E destaca os valores por género em 1965: 32500$00 por peça de grande teatro, 40000$00 por programa de variedades, 10500$00 o telejornal, 62000$00 o desporto, 21700$00 os programas filmados estrangeiros.
Há também referências técnicas, caso da introdução de sistemas de gravação. Embora o telerecording fosse adquirido em 1959, o primeiro equipamento de videotape foi comprado em 1964, o que permitiu armazenar programas para emitir posteriormente, no que se chama de stock (por oposição a fluxo, seguindo a terminologia de Patrice Flichy). Em finais de 1966, havia produtos de stock com um valor de 690000$00, cerca de seis vezes o orçamento desse ano.As expectativas próximas, indica o texto de Condorcet da Silva Costa, seriam o segundo canal e a televisão a cores, concretizadas respectivamente em 1978 e 1980, datas tardias a que não foi alheia a mudança de regime político ocorrida em 1974.Leitura: Costa, Condorcet da Silva (s/d). Alguns aspectos financeiros e orçamentais dos programas de televisão. Lisboa: Edição da Casa do Pessoal da RTP
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