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PÚBLICOS DE CULTURA. A PROPÓSITO DA EXPOSIÇÃO DE PAULA REGO

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No dia 10, escrevi sobre públicos de cultura, comentando a intervenção de duas responsáveis do CCB. Hoje, de novo,volto ao tema, agora a propósito da exposição de Paula Rego, no Museu de Serralves (Porto).

rego2.JPGNão sou grande fã da pintura da portuguesa radicada em Londres. Indispõe-me a sua pintura melancólica - porque visceral ou perto de expor as vísceras através dos orifícios do corpo humano, ou erótica, ou de um jogo de sedução entre homens e animais ou de relações entre gerações muito novas e muito velhos, como se tratasse de uma iniciação à vida.

Contudo, tenho de constatar um facto: a sua obra movimenta muitos visitantes. Já não me recordo de ver tanta gente num domingo de manhã, como hoje na Casa de Serralves (uma colega minha dizia, há poucas semanas atrás, que esteve duas horas na fila para entrar).

Tal encaixa-se na discussão que tive recentemente com os meus alunos acerca do texto de Margarida Lima de Faria Museus: educação ou divertimento?. Aí, ela dá conta de um estudo empírico sobre públicos de cultura num museu, neste caso 50 famílias que visitaram o Museu de História Natural de Londres. Na investigação, foi possível caracterizar os movimentos antagónicos protagonizados pelos diferentes grupos de idade, com os seus comportamentos. Concluiu-se que o relacionamento entre os elementos das famílias adquire diferentes formas durante a progressão da visita, com funcionamentos: neutro, convivial, empenhadas na educação, autoritário (Faria, 1995: 186-187).

Do catálogo

Hoje, vi casais mais velhos, casais mais jovens, crianças, pessoas sozinhas ou em grupo, sorrindo, trocando opiniões, apontando com o dedo algumas das obras de Rego, levando debaixo do braço o catálogo da obra da pintora. Exactamente como Margarida Lima de Faria descreve no seu texto.

No começo do catálogo, escreve o director do museu, João Fernandes: "O Museu de Arte Contemporânea de Serralves tem a grande honra de apresentar uma exposição antológica dos últimos sete anos de trabalho de Paula Rego. Esta mostra reúne trabalhos representativos de um período extremamente produtivo na obra da artista".

Para além do director do Museu, assinam textos do catálogo Ruth Rosengarten e Marco Livingstone. Trata-se de um livro fundamental para o estudo da obra da pintora.

Leituras: Margarida Lima de Faria (1995). “Museus: educação ou divertimento?”. Revista Crítica de Ciências Sociais, 43: 171-195
Museu Serralves (2004). Paula Rego. Porto: Fundação de Serralves. 244 páginas, €48



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