Coisas e Coisas


FALAR TELEVISÃO: O MELHOR E O PIOR EM 2004

Decorreu ontem à noite no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz o último colóquio de 2004 do Falar televisão, organizado por José Carlos Abrantes e pelo CIMJ.

Presentes, além do organizador e moderador, ao centro da fotografia, Miguel Gaspar, crítico de televisão e editor de media do Diário de Notícias, à esquerda, Maria Emília Brederode dos Santos, professora e autora pedagógica de programas educativos (entre os quais se inseriu a direcção da Rua Sésamo), Eduardo Cintra Torres, professor universitário e crítico de televisão no Público, e Francisco Teixeira da Mota, advogado e colunista no Público, à direita da imagem.

falartelevisao.JPGAspectos negativos

Quanto ao pior da televisão em 2004, Eduardo Cintra Torres destacou: 1) influência de Santana Lopes na televisão (que provocou os afastamentos de Marcelo Rebelo de Sousa e de José Rodrigues dos Santos), 2) afunilamento da televisão generalista em 3 a 4 géneros, com modelos pouco abertos, 3) campanha eleitoral das Europeias, 4) programa 1,2,3, 5) eleição da Miss Portugal (SIC), 6) casamento do herdeiro do trono de Espanha, 7) campanha do PS no mercado de Matosinhos, 8) ausência de imagens nos 60 anos de desembarque na Normandia (II Guerra Mundial), 9) duas entrevistas de Santana Lopes à RTP.

Por seu lado, para Miguel Gaspar os maus momentos da televisão foram: 1) ausência de boa produção de documentários, 2) estagnação, pois tudo tem girado à volta de quatro géneros - futebol, telenovela, reality-show, informação, 3) consolidação do reality-show como género industrializado, 4) programas de humor (mas sem humor), 5) projecto da 2:, porque não passou das intenções do ideário novo, 6) gestão de fúria da intervenção dos media por parte dos governantes.

Maria Emília Brederode dos Santos acentuou a ausência da dimensão educativa no canal público. Para ela, é importante a existência de programas educativos para além dos destinados às crianças e adolescentes, caso de programas de língua portuguesa para os imigrantes (como os do leste europeu). Ao contrário de Cintra Torres, a pedagoga entende que a bandeira da 2: como abertura à sociedade civil não passou disso. Das duas últimas notas negativas, uma é da não produção de programas de stock, que possam ser reutilizados, e a outra é a do encerramento do canal Arte no cabo.falartelevisao1.JPG

Aspectos positivos da televisão em 2004

Para Eduardo Cintra Torres, o melhor da televisão em 2004 foi: 1) alteração do paradigma do serviço público da 2: e continuação da recuperação financeira do canal público, 2) dos programas, entre outros, o Gato Fedorento (SIC), Magazine Cultural (SIC Radical), Páginas soltas (SIC Notícias), 3) documentário Portugal um retrato, com análise ambiental, por razões estéticas e temáticas, 4) programa estrangeiro Sopranos, 5) cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, 6) realizador Espírito Santo, por não ter filmado as imagens da morte do jogador Feher no campo desportivo, 7) Emídio Rangel, enquanto autor das criaturas Santana & Sócrates.

De positivo, Miguel Gaspar elencou a polémica que envolveu a saída de Marcelo Rebelo de Sousa da TVI, porque mostrou que a sociedade civil está atenta à presença (ou ausência) da liberdade de escolha. Também deu destaque aos blogues, como modo alternativo aos media tradicionais, e que (conjuntamente com a internet em geral e os telemóveis) está a contribuir para a perda de centralidade da televisão. Salientou ainda projectos potenciais, como o programa Gato Fedorento e a produção externa da SIC em comédias, bem como a Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS) que, como último sopro de vida, interveio no caso de Marcelo. Miguel Gaspar apontaria ainda a necessidade da criação de um novo regulador (que terá competências presentes actualmente na AACS e no Instituto de Comunicação Social).

Já Maria Emília Brederode dos Santos viu como aspectos bons da programação de 2004: 1) programação infantil de Teresa Paixão, 2) protocolo de acesso dos fundos, 3) liderança da informação por parte da SIC Notícias, 4) melhor qualidade da SIC Mulher e da SIC Radical nos canais de cabo, 5) criação do canal Memória da RTP.




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