Coisas e Coisas
FÃS E CLUBES DE FÃS (II)
[continuação de post colocado ontem]
Dois outros trabalhos sobre fãs foram desenvolvidos por Ana Margarida Marques, Ana Rita Santa-Clara e Mafalda Melo (
Fãs de Quim Barreiros) e Ana Sofia Rocha, Natacha Almeida e Rita Félix Soares (
O clube de fãs da Mafalda Veiga). O primeiro trabalho teve como suporte empírico um inquérito a 32 pessoas (em Vila Franca de Xira e Seixal) e o segundo a 30 pessoas (junto às lojas FNAC do Colombo, Chiado e Cascais, nos dias 8 e 11 de Outubro passado).
Quanto a Quim Barreiros, as estudantes quiseram saber se os inquiridos se consideravam fãs do cantor e músico, partindo da definição de Lawrence Grossberg (
Is there a fan in the house?: The affective sensibility of fandom) entre fãs passivos e fãs activos. Os inquiridos inseriam-se no primeiro grupo. Escrevem Ana Margarida Marques, Ana Rita Santa-Clara e Mafalda Melo: "Não consideramos que as pessoas que responderam ao inquérito tenham demonstrado uma identificação com o conteúdo, ou tenham operado sobre o mesmo, formulando novos conteúdos".
Quim Barreiros, um dos arautos da designada música pimba - com "duvidosa qualidade em termos musicais", segundo o trabalho agora presente -, teve 86% dos entrevistados a considerarem gostar da sua música, mas só 65% se considerava fã do cantor (distinção que não consegui apreender na totalidade). 32% de pessoas ouviam o cantor há mais de seis anos, 10% até há cinco anos, mas 58% não tinham percepção de há quanto tempo o ouvem. Alegria e divertidas (10 respostas cada) foram as principais qualidades atribuidas às músicas de Barreiros, seguindo-se razões para dançar (7). Em casa (9 respostas), em festas (8, presumo que com ele próprio) e no café (6) seriam os ambientes onde se ouve mais frequentemente a música do cantor pimba. 79% dos inquiridos já tinham visto Barreiros ao vivo.
Os títulos das músicas mais ouvidas seriam os seguintes [confesso que não sei associar os títulos às letras, elemento fundamental na compreensão do fenómeno Quim Barreiros]:
Mestre culinária (32%),
Bacalhau à portuguesa (26%) e
Sorveteiro (chupa Teresa) (21%).
As faixas etárias dos inquiridos foram: 15-30 anos (15%), 30-45 anos (31%), 45-60 anos (38%), mais de 60 anos (16%). 50% dos inquiridos possui o nível académico mais baixo (básico).
Já o trabalho de Ana Sofia Rocha, Natacha Almeida e Rita Félix Soares, que incidiu sobre Mafalda Veiga, deu conta de uma outra realidade de fãs. Trata-se de uma cantora que começou a sua carreira em 1987 com uma linha melodiosa menos fácil de caracterizar, mas aproximando-se de uma
country à portuguesa.
Os fãs da cantora não são adictos ou fanáticos, não caindo "no exagero de saberem aquilo que ela gosta ou não de comer, de coleccionarem tudo o que lhes diga respeito ou mesmo de se vestirem ou usarem o mesmo penteado da cantora" (diferenças a estabelecer nomeadamente com os fãs dos
Xutos & Pontapés, por exemplo, que usam lenços como os músicos e que acham que a banda os influenciou muito na sua vida). Claro que há sempre elementos que fogem à regra: as alunas descobriram que uma rapariga fez diversas tatuagens em homenagem ao álbum da cantora chamado
Tatuagem.
Trabalho igualmente qualitativo e quantitativo, o grupo de alunas concluiu que o clube de fãs de Mafalda Veiga (2685 membros, com uma média de idades de 22 anos, o que significa uma juvenilização dos fãs face à cantora) é maioritariamente feminino (71%) e tem 44% de fãs no distrito de Lisboa, a que se segue, de longe, o distrito do Porto, com 10%.
A maioria dos fãs descobriu o clube através da página da internet e do canal Mirc. O sítio, criado a partir do nascimento do clube de fãs da cantora em Outubro de 2000, disponibiliza informações sobre ela, mas também vende artigos de
merchandising, como camisetas desenhadas por uma fã. O clube organiza jantares, a que pode aparecer a cantora. Esta dedicou-lhes, no seu álbum de 2003, um tema,
Cúmplices.
Das razões porque gostam de Mafalda Veiga, os fãs elegem as músicas (44%), as letras (39%), para acompanhar amigos (11%). À pergunta para que servem os clubes de fãs, os respondentes ao inquérito afirmaram: acompanhar a actividade da cantora (70%), trocar informação (17%), fazer novas amizades (13%).
loading...
-
HIP-HOP (II) [continuação da entrada de ontem] Inês Pinto Correia, Joana Lopes e Vera Silva aplicaram o seu inquérito no momento em que o rapper 50 Cent actuou no Pavilhão Atlântico (Lisboa), a 1 de Outubro do ano passado, querendo validar a hipótese:...
-
CONSUMO DE CINEMA Inês Diniz, Rita Calado e Isabel Fernandes trabalharam, na sua proposta para a cadeira de Públicos e Audiências, o tema Consumo de cinema. As alunas procuraram saber - num inquérito dirigido a pessoas entre os 8 e os 55 anos, na...
-
LOJAS E CENTROS COMERCIAIS (II): UM ESTUDO SOBRE O LIDL Os alunos Cátia Simões, Mafalda Barros e Lorenzo Herrero realizaram um inquérito a 100 pessoas em dois fins-de-semana (Novembro de 2005) junto de supermercados LIDL (Lisboa), tendo em perspectiva...
-
LOJAS E CENTROS COMERCIAIS –II
[continuação do post de ontem]
Colombo versus Amoreiras
Finalmente, o grupo de de Ana Rita Pires, Mariana Gomes da Costa e Rosa de Oliveira Pinto procurou encontrar uma identidade e distinção entre os clientes...
-
FÃS E CLAQUES DE FUTEBOL
Dois grupos de alunos decidiram estudar o fenómeno das claques de futebol como extensão da análise dos fãs: Ana Catarino Alfredo, Ana Rita Santos e Maria Ana Figueira (Os fãs: claque do Sporting Clube de Portugal) e Duarte...
Coisas e Coisas