Coisas e Coisas
A SOCIOLOGIA DO JORNALISMO EM 1978Chegou-me agora às mãos o livro das actas do I Congresso Luso-galego de Estudos Jornalísticos, realizado em Santiago de Compostela, em finais de Outubro de 2002, e coordenado por Xosé López García (Universidade de Santiago de Compostela) e Jorge Pedro Sousa (Universidade Fernando Pessoa, Porto). O título é
A investigación e o ensino do xornalismo no espazo luso-galego.
Fui um dos participantes, com duas comunicações, uma das quais agora publicada no livro. Ela tem o título de
História e tendências da investigação sobre jornalismo nos últimos 25 anos, onde dei conta dos principais textos lançados em 1978, ano vintage para a sociologia do jornalismo, como então designei.
Ora, o que se publicou então?Descobrir as notíciasO primeiro livro foi o de Michael Schudson, com a designação
Discovering the news. O sociólogo americano destacou o papel da
objectividade nas notícias como produto social da democratização da vida política, social e económica do começo do séc. XX.
Se Schudson produziu uma perspectiva mais histórica, no estudo sobre racismo de Stuart Hall e colegas (
Policing the crisis) prevaleceu uma posição mais marcadamente estruturalista. Os autores olharam os intervenientes directos na produção das notícias - fontes e jornalistas - e concluiram pela preponderância daquelas no enquadramento dos acontecimentos. Era o conceito de
definidor primário a marcar a sociologia do jornalismo.
Philip Schlesinger, que seria um dos críticos mais conhecidos da tipologia de Hall e colegas, editava em 1978 a sua tese de doutoramento, intitulada
Putting "reality" together, sobre o trabalho interno da BBC. Para ele, a notícia resulta da construção de uma versão específica da realidade, composta de
rotinas produtivas assentes numa divisão apertada do tempo e do espaço disponíveis. Schlesinger conclui pelo controlo exercido sobre os jornalistas através do sistema editorial.
O quarto trabalho seria o de Gaye Tuchman,
Making news: a study in the construction of reality. Trabalhando dentro do estilo da observação sociológica da escola de Chicago, Tuchman apresentou a notícia como
construção social da realidade e como
narrativa, duas ideias marcantes na história da ciência aqui apresentada.
Para além das quatro obras do ano vintage de 1978 em termos de sociologia do jornalismo, saíu um outro texto marcante, o de Todd Gitlin (
Sociologia dos meios de comunicação social - o paradigma dominante, publicado em português na antologia de João Pissarra Esteves, 2002), onde o autor criticava o longo domínio da perspectiva de Lazarsfeld no campo dos efeitos dos media.
Para além desta análise, o meu texto abordou as teorias da notícia, as disciplinas científicas e os novos campos de investigação dos media (novos media e tecnologias a eles associadas, impacto da comunicação global, o papel dos media na defesa da democracia e os estudos feministas dos media).
Leitura: Xosé López García e Jorge Pedro Sousa (coords.) (2004).
A investigación e o ensino do xornalismo no espazo luso-galego. Santiago de Compostela: Consello da Cultura Galega
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[João Pissarra Esteves (org.) (2002). Comunicação e sociedade. Lisboa: Livros Horizonte e CIMJ, 159 páginas]
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