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ÓSCARES E RELEITURA DOS JORNAIS DE ONTEM

Na noite dos óscares de Hollywood, o prémio para melhor realizador e melhor filme coube a Clint Eastwood (74 anos) em Million Dollar Baby. Também Hilary Swank (30 anos), que desempenhava o principal papel feminino, fazendo de pugilista, e Morgan Freeman, como melhor actor secundário, trouxeram estatuetas [na imagem Swank recebendo outra estatueta (2000), em página do Sunday Times de ontem]. Já O aviador, de Martin Scorsese, ganhou cinco prémios: Cate Blanchett, como melhor actriz secundária, e categorias técnicas (fotografia, montagem, guarda-roupa e direcção artística).

Pela leitura que fiz do Sunday, o jornal apostou em Scorsese (62 anos). O realizador não ganhou o que persegue há mais de trinta anos. Resta agora trabalhar no próximo filme, The departed, com o mesmo Leonardo DiCaprio, sobre o submundo irlandês em Boston. Além de recuperar dinheiro (Scorsese admite ter gasto além de 97 milhões de dólares em Gangs of New York, em 2002, e ter perdido milhões) e esquecer outras ocasiões em que o óscar estava também perto (Taxi driver, 1976; Touro enraivecido, 1980). Desta vez, a sorte não lhe sorriu talvez porque, em O aviador, ele retratasse uma certa decadência dos estúdios de Hollywood nos anos 1930, quando Hughes emerge simultaneamente como figura central e excêntrica nesse lado da Califórnia. A Academia pode não ter perdoado nesta noite passada o não politicamente correcto.

Scorsese, que nunca perdeu a sua origem italiana (Sicília, de onde vieram os pais), diz ter sido educado entre padres e gangsters, enquanto vivia num apartamento de dois quartos e meio na zona italiana de Nova Iorque e passava as tardes a ver filmes.

Os designers procuram o sonho do product placement

A atribuição dos óscares de Hollywood é um momento soberano para as marcas de moda e adereços triunfarem, dada a enorme visibilidade da cerimónia nos ecrãs televisivos de todo o mundo [na imagem, Cate Blanchette, capa parcial do caderno 4 do Sunday Times de ontem]. E John Harlow, do Sunday Times de ontem, revelaria alguns dos segredos que envolvem as noites dos óscares. Claro que a minha leitura já vai atrasada e eu ainda nem sequer vi as imagens da televisão (soube dos óscares pela rádio e aqui na internet). Hillary Swank, que ganhara um outro óscar em 2000, terá gasto cinquenta mil libras com um colar de diamantes para levar na noite passada. Joalheiro: o suíço Chopard. O ano passado, Charlize Theron, o rosto do perfume J'adore, da Christian Dior, não se vestiu com esta marca. Tratava-se de uma questão de finanças separadas, disse um porta-voz. Anteriormente, Angeline Jolie, a actriz dos filmes Tomb Raider, disse estar interessada em usar um colar de 55 pedras, chamado Diamantes para a humanidade, a fim de promover o fim de conflitos armados. Se as malas On 3 Productions, de Los Angeles, esperavam ganhar muito dinheiro com a promoção dada pela noite dos óscares. Cate Blanchett, a actriz que ganhou um prémio pela interpretação em O aviador foi presenteada com 20 malas dessas.

França: das telecomunicações para a pasta da economia

Thierry Breton (50 anos), o recém-empossado ministro francês da economia, estava à frente dos destinos do operador histórico das telecomunicações do seu país, a France Télécom (FT), desde Outubro de 2002. Nessa altura, as acções da FT tinham descido 85%, fixando-se nos €6, enquanto a dívida estava nos €68 milhões. O seu plano de recuperação visava estabelecer a confiança da bolsa, dos accionistas e dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, baixou o papel do Estado na empresa, até chegar aos 50% de capital público, reduziu 22 mil postos de trabalho (tem actualmente 202 mil assalariados em todo o mundo), renegociou com fornecedores e começou um programa de reintegração das filiais: Orange (2003), Wanadoo (2004) e Equant (2005).

Mas a FT continuaria a enfrentar problemas: declínio da actividade da telefonia fixa (peso: 46% do volume de negócios), perda da vitalidade da operadora móvel Orange no Reino Unido e na própria França (aqui face à SFR) e da internet (a Wanadoo perdeu em confronto com a Free e a Neuf Télécom), velocidade de cruzeiro ainda não atingida em termos de inovação (vídeo e videofonia, internet sem fios e integração entre móvel e fixo).

Católico, centrista e patrão, Breton passou a maior parte dos anos 1980 a ensinar os franceses no domínio das novas tecnologias. Ele é ainda escritor, pois publicou romances de ficção científica como Softwar, Netwar e La dimension invisible (1991, que mereceu uma crítica favorável de Chirac no Le Figaro).

Fonte: Le Monde, de 27 de Fevereiro



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