Coisas e Coisas
A SOCIEDADE EM REDE SEGUNDO GUSTAVO CARDOSOHoje de manhã, no ISCTE, Gustavo Cardoso defendeu tese de doutoramento, com o título
Os media na sociedade em rede. A cidadania entre montras, filtros e notícias. Uma tese classificada com a nota máxima por um júri de luxo: Manuel Castells, Fausto Colombo (italiano), João Caraça, António Firmino da Costa, Paquete de Oliveira (orientador) e João Ferreira Almeida (que presidiu).
Ao Gustavo, parabéns duplos: 1) pelo brilhantismo do seu trabalho, e 2) pela "programação", para hoje à tarde, do nascimento da sua filha. Apetece dizer que, numa sociedade em rede, não se brinca em serviço.
Literacia informacional e comunicação sintéticaGustavo Cardoso abordou a questão dos media na sociedade em rede ou a forma como se organizam os meta-sistemas de informação e entretenimento na sua vertente produção (mas também no seu consumo e fruição). Ele destacou as biografias, as dietas e as matrizes dos media para os portugueses, explorando: 1) dimensão geracional da sociedade em rede em termos de informatização e direitos da cidadania, 2) relação entre essa prática de cidadania e os media, 3) contextualização como participação cívica plena e da valorização económica. Colocou a ênfase no domínio da
literacia informacional, diferente da tida com a televisão, rádio e jornais.
Segundo o novo doutor, também os media clássicos acabaram por se organizar em rede, modelo dependente das opções dos próprios media mas também dos seus fruidores. Isso não significa que se tenha seguido um quadro de convergência, que foi o discurso dominante durante anos, mas antes uma articulação entre tecnologias diferentes, com uma autonomia das interfaces (caso da comunicação interpessoal que atravessa os novos media, como o SMS, o email e a internet). Tal propósito leva à definição do conceito de
comunicação sintética: 1) globalização comunicativa, 2) alteração dos modelos informacionais e de entretenimento, 3) redes articulando a comunicação de massas e a interpessoal.
Os sistemas dos media operam com duas redes: a televisão e a internet, com níveis de interactividade distintos (baixa na tele, alta na internet, embora isso não queira dizer que esta vai "matar" aquela). Para o tecnólogo Gustavo Cardoso (como foi definido por Paquete de Oliveira), a centralidade que a televisão ainda ocupa na nossa informação e entretenimento é também preenchida pelo cinema e pelos jogos multimedia. Ele fala de três gerações de televisão (iniciática, transição e multimedia) e de quatro gerações informacionais (a que nasceu em finais dos anos 1960 e começos da década seguinte ainda combina literacias dos diferentes media).
Relação entre cidadania e mediaCardoso fez trabalho empírico assente em quatro
case studies: 1) os media no quadro parlamentar nacional e europeu, 2) o encerramento do portal Terràvista, 3) o fim da RTP2, e 4) o movimento por Timor. Algumas das características destes movimentos sociais (ou acções cívicas) incluem a participação e o protesto, mas ainda incluem o uso de diferentes literacias através de diferentes media.
Tese de sociólogo, como frisou Manuel Castells, o segundo eixo do texto aborda aquilo a que ele designou no subtítulo da tese: montras, filtros, notícias e cidadania. E usou uma polarização conceptual muito feliz, quanto a mim. Assim, partindo da distinção entre "ver montras" e ir às compras", Gustavo Cardoso conclui que navegamos na internet ou vemos televisão com zapping sem um objectivo concreto. É a ideia de "ver montras". Já a participação nas sociedades informacionais implica um conhecimento alargado da realidade mediada.
Pela outra quase metáfora - os
filtros - o jovem autor e professor quer dizer que a internet diminuiu o filtro de outras instituições (Igreja, escolas, jornais) para criar outros filtros: os motores de busca. Chamando a atenção para duas questões. A primeira é que a pesquisa através dos motores de busca nos remete para mais informação sobre as instituições (o poder) e menos para a dos indivíduos. A segunda, a que designou de
paradoxo, é que poucos usam o espaço simbólico de mediação oferecida pelos meios de massa e também poucos têm literacia para mudar o paradigma da comunicação.
loading...
-
Novo Livro De Rita Espanha
Saúde e comunicação numa sociedade em rede. O caso português é um livro de Rita Espanha, editado pela Fundação Calouste Gulbenkian. O seu lançamento ocorre no próxima dia 27 de Janeiro, pelas 18:00, no auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian....
-
ComunicaÇÃo Em Rede
Gustavo Cardoso, Rita Espanha e Vera Araújo editaram agora um livro intitulado Da Comunicação de Massa à Comunicação em Rede. O primeiro capítulo, assinado por Gustavo Cardoso, é o mais teórico, logo o mais interessante para o leitor e o mais...
-
NOVO DIRECTOR DO OBERCOM Segundo me têm dito, Gustavo Cardoso vai ser nomeado em breve director do Obercom (Observatório da Comunicação). Será uma boa escolha a do professor universitário do ISCTE e da Universidade Católica Portuguesa, recentemente...
-
LANÇADO LIVRO A SOCIEDADE EM REDE EM PORTUGAL Hoje, de manhã e no ISCTE, foi lançado o livro A sociedade em rede em Portugal, de Gustavo Cardoso, António Firmino da Costa, Cristina Palma Conceição e Maria do Carmo Gomes, uma edição da editora...
-
LANÇAMENTO DO LIVRO A SOCIEDADE EM REDE EM PORTUGAL No próximo dia 28 Abril, quinta-feira, pelas 11:30, no auditório Afonso de Barros, no ISCTE, em Lisboa. São autores do livro: Gustavo Cardoso, António Firmino da Costa, Cristina Palma Conceição...
Coisas e Coisas