Coisas e Coisas
BORDA D'ÁGUA - IV[continuação do post de ontem e conclusão]
Um olhar das ciências sociais sobre o tema do Borda d'ÁguaFaçamos agora a leitura de um livro que trabalhou o tema, embora focado no Brasil, dada a origem desse livro, organizado por Marlyse Meyer (2001) e que conta com vários contributos [a data que acompanha cada referência aponta para o livro de Meyer]. Nesse texto colectivo, Jean-François Botrel fala no almanaque como
guia e
semiologia do tempo. Por meio do calendário, com as fases da Lua para a agricultura ou pesca, ou as informações necessárias para a vida civil ou religiosa, mas também pelas interpretações dos signos do zodíaco, o almanaque testemunha as constantes interrogações humanas sobre o tempo da vida, antes que chegue o tempo da morte e das obrigações da vida em sociedade (2001: 17).
Já Jerusa Pires Ferreira (2001: 19) diz que o almanaque é uma conjugação de saberes, de jogos de inteligência, espaço em que ocorria um certo literário, sério ou solene, ou textos jocosos em linguagem caricata. A mesma autora (2001: 20) fala da sua grande circulação no campo da edição popular, trazendo uma ideia de modernidade, a conjugação do fragmentário mas cumprindo a função de: 1) conselheiro e guia, 2) explicação das relações cosmológicas e astrológicas.
Hoje ainda não lemos os horóscopos em jornais de referência, ou não seguimos com atenção os programas da Maya a astróloga das cartas e dos tarots, não seguimos avidamente os novos livros de Paulo Coelho? Pode dizer-se que o almanaque é uma espécie de literatura de cordel que atravessa os séculos, em que crendice e cultura urbana se misturam.
Para concluir, algumas questões: 1) a distribuição (venda na rua, cara-a-cara), 2) alguma pré-modernidade na cultura urbana (crenças populares, misticismo), 3) imaginário popular associado à nostalgia da terra e do campo, 4) leitura simples como se fosse a revista do
Reader's Digest.
Leitura: Meyer, Marlyse (org.) (2001).
Do almanak aos almanaques. São Paulo: Ateliê Editorial
loading...
-
É Isso Aí Pessoal
É isso aí pessoal, como vocês devem ter notado, fizemos algumas alterações no almanaque, para melhorar. Nossa intenção, é cada vez melhorar mais. Por isso, esperamos que sempre visitem o Almanaque, comentem os posts. Logo logo, estaremos melhor...
-
Almanaque
Hoje, arranca o projecto Almanaque, produto editorial desenvolvido com os olhos postos em arte, livros, ócio, gastronomia, viagens, música, design, beleza, ilustração e pessoas relevantes. Em Março, o grupo dinamizador do projecto abre portas para...
-
LANÇADO LIVRO DE EDUARDO CINTRA TORRES Foi ao fim da tarde, na livraria Bulhosa, ao Campo Grande. O professor Manuel Vilaverde Cabral - orientador da tese de Cintra Torres, agora em livro - fez a análise da obra. O blogueiro já chegou tarde e não...
-
BORDA D'ÁGUA - III [continuação do post de 10 de Maio] Os Borda d'Água do séc. XX Encontram-se, por exemplo, os editados por Joaquim José de Matos Júnior, que vai até 1971, pelo menos (as duas imagens seguintes mostram as capas das edições...
-
BORDA D'ÁGUA (I) Diz o texto assinado por Marina Almeida, no Diário de Notícias de hoje, que o Borda D'Água vendeu 320 mil exemplares na edição do presente ano. O preço são "duas bicas" (€1), o público-alvo as "zonas de Coimbra, Leiria,...
Coisas e Coisas