Coisas e Coisas


ECONOMIA DAS INDÚSTRIAS CULTURAIS (I)

O negócio da compra da Bertrand (48 livrarias e as editoras Bertrand e Quetzal) pelo grupo alemão Bertelsmann faz despertar um objectivo imediato: destronar a liderança da FNAC (além da concorrência dos hipermercados). A Bertelsmann comprou a FNAC através de uma subholding, a Direct Group, detentora do Círculo de Leitores. O novo grupo passa a deter 12% do total do mercado do livro, com as duas cadeias de livrarias a facturarem €66 milhões o ano transacto (no mesmo ano, a FNAC facturou €40 milhões). Agora, a meta são €80 milhões de facturação.

Não há números precisos da aquisição, mas fala-se em €30 milhões de investimento em dois anos. Só o Círculo de Leitores vendeu 1,8 milhões de livros a 340 mil sócios, em 2005. Agora, será possível vender livros do Círculo nas lojas Bertrand. E a nova entidade accionista espera fazer crescer o conceito loja em centro comercial no mercado em Espanha.

A Bertrand foi fundada em 1732. Em 1998, Manuel Bullosa vendeu a sua posição de accionista ao Grupo Mello (ano de aparecimento da FNAC). Desde 1993, a Bertrand era presidida por José Mattoso, tendo-se modernizado nos anos recentes. A loja do centro comercial Vasco da Gama é a que mais vende, mas também têm sucesso as do Chiado e Picoas, para além de outras noutros pontos do país.

Em Portugal, a Bertelsmann possui ainda a gráfica Printer Portuguesa e 33% da Media Capital (TVI e rádios). O mercado livreiro alterou substancialmente nestes anos recentes, o que levou a Bertelsmann a investir em Portugal: 1) os livros vendem-se em quiosques e supermercados, 2) aumentou o número de títulos e baixou a tiragem de cada um deles, 3) a novidade deixa de durar um tempo médio (dois anos) para passar a quinze dias, 4) trabalha-se em catálogo, com lançamento de múltiplos livros para alguns deles conhecerem o êxito.

[elementos retirados das peças publicadas no Público de ontem e hoje, respectivamente assinadas por Joana Gorjão Henriques e Alexandra Prado Coelho]



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