Coisas e Coisas
Remoendo...
Ao invés de uma cena de teatro, um fragmento de filme. Uma pessoa caminha em um deserto sem fim. Tom sépia. Luz natural, caindo com o final da tarde. Não é possível ver-lhe os olhos, somente as costas. Contra-luz. Um horizonte se abre a frente do personagem. Um mundo a descobrir. Ao mesmo tempo, é tanta solidão sentida, é tanta vontade não realizada, é tanta... Como uma gaita de boca. Harmônica. Fragmentos, momentos com trilha sonora em inglês. Ausência. There`s nothing I can do about it now. Uma parada ao longo do caminho. Tempos remotos, onde conversas intermináveis nos davam a sensação de estarmos vivos. Fragmento de prosa. Vidas levadas ao cabo. Presenças ausentes. Bla, bla, blá. Comida de gato.
Ontem te vi na TV. Na verdade, teu simulacro. Afinal, você não é você. Estranha sensação olhar para alguém que não é. Simplesmente não é. Uma imagem que não corresponde ao seu conteúdo. Uma conversa que nunca será feita fica retumbando dentro da minha cabeça. Tão perto, tão longe. Tanta covardia. Tanta falta do que fazer. Tanta ficção. Ao invés de uma pessoa, um fragmento de mente. Um texto sem pé nem cabeça. Fragmentos de desejo. Vidas em direções opostas. Falta do que fazer. Bla, bla, blá.
- Seis meses vivemos juntos.- É bastante tempo, não?- Às vezes, parecia...- E como você descobriu?- Uma mensagem no celular e o resto foi no aperto.- Que coisa. Nem sei o que dizer...- Pois é... seis meses dormindo juntos quase todos os dias e a gente não conhece a pessoa direito. Como pode?- Intimidade é mais do que isso, né?- Já nem sei o que é...Ao invés de uma cena, fragmentos de mensagens. Promessas que gostaríamos que tivessem sido feitas a nós, direcionadas para outras pessoas. Outras, nem mesmo uma única. Outras. De repente tudo se transforma em possibilidades. Um mundo cheio de possibilidades e você parece ser o único que encontrou uma alternativa interessante. Uma situação alheia, quase um filme que você imagina porque não estava presente e, de repente, você se vê ali. O personagem que eu não gostaria nunca de interpretar. Eu seria o que acredita e se surpreende ou o que faz o que quer da vida? Ao invés de uma certeza, fragmentos de dúvida.
- E o que você pensa fazer agora?- Não sei... a vida continua, não é?- Sim, continua.- Outras pessoas, outros caminhos... outra busca.- Não quero nem pensar nisso de novo.- Quanto tempo vocês estão juntos?- Quatro meses...- Dormindo juntos?- Quase todos os dias...- E você confia?- Confio... não tive nenhum motivo para desconfiar.- Eu também confiava...- Pois é...- Pois é...- É a vida.Ao invés de um filme, fragmentos de vida. Te olhar dormir e imaginar os sonhos que tens. Te ver escrevendo, ou pintando, ou lendo, ou... e te imaginar com outra pessoa. Quanta dor. Uma pessoa entrando no teu quarto e te beijando. Outra pessoa. Outro quarto. Outros segredos. Te ver feliz de novo. E ao mesmo tempo saber que nada é insubstituível... nem você. Nem eu. Voltar ao filme. Encontrar aquela estrada que descortina um novo horizonte. Começar a caminhar. Adentrar um pesadelo em sépia. Tanta solidão. Tanto recomeço. Tantos desejos de ser único. Tantos sonhos não realizados. Tantas músicas contando nossa história. Bla, bla blá. Comida de gato.
Ontem te vi na TV. Teu simulacro. Tua imagem gravada para sempre em celulóide. Imagem gravada na retina. Intocável, porque irreal. Memória que se mistura com desejo. Fragmento de algo que alguém, um dia, chamou de amor.
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