Pérola
Coisas e Coisas

Pérola




Fecho os olhos e ainda consigo ver
Um clichê mais do que verdadeiro

Você sorrindo para mim
Você baixando os olhos. Pensando em algo que eu nunca vou descobrir. Assim, foi nosso tempo. Momentos indescobríveis. Incabíveis. Olhares cheios de docilidade. E segredos

Não sinto que você tenha me traído. Mas nunca ficarei sabendo de todas as coisas que passavam pela sua cabeça. Essa maldita sensação de falta. De desconhecimento. Desunião. Nunca o tempo será o bastante. Não foi o bastante. E agora não existe mais

O tempo
Sempre em frente
Sempre à frente
Sempre
o tempo

Uma música dolorida. Agridoce. Que embala e tortura. Desvanece. Sobe pelo estômago e aperta a garganta. Toma o corpo. Enrijece os braços. Amortece as mãos. Saliva como um animal prestes a atacar. Martela

Queria estar seguro. Invejo as pessoas que conseguem se divertir

Fecho os olhos e ainda consigo sentir
Um clichê verdadeiro

Você cantando para mim
Algo que parece uma língua desconhecida. Uma música ancestral e, ao mesmo tempo, tão próxima. Um música infantil e, ao mesmo tempo, tão cruel. Uma música. Algo que se parece com música. Uma evocação. Dos deuses. E demônios. Um acalanto. Aos deuses e demônios

Ao tempo
Sempre em frente
Sempre à frente
Sempre
o tempo

Fecho os olhos
Verdadeiro

Espero por alguns minutos para que você reapareça. Como uma fotografia que bóia em líquido revelador. Em ácidos e cheiros desagradáveis. Necessários para o milagre da vivificação. Reviver. Respirar. Reencontrar

Toca-me
Religa-me
Ama-me

Pronuncia-me
Faz-me retornar

Doze anos nesse estado profundo. Ouvindo. Tudo. Sem poder dizer o que eu sinto. O que eu penso. Sem poder responder. Sinalizar. Demonstrar. Estranha catalepsia que me faz conviver com esses anjos e demônios. 

Fecho os olhos e ainda consigo ver
Tua partida
Você parada na porta. Seu último olhar
A mão apoiada sobre o umbral
Apóia ou impulsiona?

Divido o tempo em milhares de fragmentos. Estico tua permanência. Estudo cada frame como se fossem pinturas renascentistas. Tua expressão. Como se tivesse brincos de pérola. Como se estivesses eternamente nesse momento. Presa ali. Viva, ali

Canta-me
imploro

E retorno
Fecho os olhos
Abro os olhos
Uma agulha presa no HD de memória

Perverto todas as lógicas. Confuso. Não consigo ler mais as intenções. Você. Sorrindo? Pra mim? Só rindo? Apóia ou impulsiona? Tua expressão. Condena? Ou lamenta? Abandona? Essa língua desconhecida. Criptografada? Quero ignorar tuas últimas palavras. ADEUS SADEU USADE EUSAD DEUSA ADEUS SADEU USADE EUSAD DEUSA ADEUS SADEU USADE EUSAD DEUSA ADEUS SADEU USADE EUSAD DEUSA ADEUS SADEU USADE EUSAD DEUSA ADEUS SADEU USADE EUSAD DEUSA ADEUS SADEU USADE EUSAD DEUSA ADEUS SADEU USADE EUSAD DEUSA ADEUS SADEU USADE EUSAD DEUSA ADEUS SADEU USADE EUSAD DEUSA ADEUS SADEU USADE EUSAD DEUSA ADEUS 

Retorna
Por favor
Imploro

Maldita catalepsia

Fecho os olhos
Prefiro a memória
Um clichê. Reconfortante



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