Coisas e Coisas
600 mil pessoas saem da pobreza em Belo Horizonte
Não dá ainda pra comemorar, mas já é um avanço. Fora desigualdade!
Número de pessoas nessa situação cai mais em BH, que já tem a 2ª maior classe média do país
Do portal UAI
Marinella Castro - Estado de Minas
Sandra Kiefer - Estado de Minas
O número de pobres cai mais na Grande Belo Horizonte do que no resto do país. A alta de renda e o emprego com carteira assinada ajudam a engrossar a classe média, que já representa mais da metade da população brasileira. Segundo estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a capital mineira reduziu a pobreza em 39,6% entre 2002 e 2008. É o maior índice entre as seis regiões metropolitanas pesquisadas e está mais de 10 pontos percentuais acima da segunda colocada, São Paulo, onde a baixa renda recuou 28,1% no mesmo período. Com isso, a classe média belo-horizontina não fica para trás ejá é a segunda maior do país, encostando na de São Paulo.
Em seis anos, 600 mil pessoas terão deixado a pobreza na Grande BH, caindo de 1,7 milhão para 1,1 milhão. No total, serão 3 milhões de brasileiros que vão melhorar de vida nas regiões pesquisadas. No país, o contingente de pobres vai encolher quase um terço (26,7%), caindo de 32,9% em 2002 para 24,1% em 2008, conforme a previsão do instituto para o fechamento do ano, feita com base na projeção sobre os dados do primeiro trimestre. A maior queda na pobreza, entre 2002 e 2008, segundo projeções do Ipea, foi observada na região metropolitana de Belo Horizonte, onde o número de pessoas pobres cairá, de acordo com as estimativas, de 38,3% da população em 2002 para 23,1% da população em 2008.
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Comentários:
Percebe-se, entretanto, que em 2002 a taxa de pobres em BH era de 38,3% -- bastante alta, quando comparada à média nacional da época, que era de 32,9%. Agora BH passa a ter 23,1% da população pobre, enquanto o Brasil marca 24,1%. Ainda é muita coisa ter uma em cada quatro pessoas do país em estado de pobreza. Aqui na Europa, certamente, esta taxa não chega a 1% da população.
A violência que existe nas grandes cidades está diretamente associada à esta alta taxa de pessoas pobres que vivem por ali. É preciso um projeto
Robin Wood no Brasil! É preciso tirar dinheiro dos ricos e dar aos pobres, é preciso aumentar a qualidade de vida e o acesso à cultura e educação dos pobres e dos socialmente excluídos. Isso será ótimo também para os ricos que, ainda que deixem de ser tão ricos -- eles não precisam de tanto --, não ficarão mais tão intranquilos com a violência. A violência é uma
conseqüência direta da desigualdade e é seu pior subproduto.
Ninguém quer roubar. As pessoas cometem crimes por três motivos: 1) precisam do dinheiro; 2) não conseguem um emprego decente; 3) a impunidade é alta. Os ricos querem resolver o problema prendendo todo mundo e diminuindo a impunidade. Realmente é uma forma de resolver o problema, mas é uma forma que leva ao autoritarismo e à extrema
repressão das liberdades individuais. Não é esta a verdadeira saída para o problema pois, além do mais, isso não resolve o problema em sua raiz, pois os pobres continuarão a ser pobres e ainda precisarão de assaltar para viver, mesmo que sejam mais presos. Daí os presídios lotados que temos no Brasil. O Brasil tem, historicamente, escolhido e utilizado a saída errada para o problema da violência e da desigualdade.
A verdadeira saída para o problema da pobreza é a melhor distribuição de renda, que deve advir explicitamente do governo cobrar mais dos ricos e transformar essa grana em ajuda social (sim, eu estou falando de assistencialismo). Isso passa também -- e evidentemente -- por uma diminuição da corrupção dentro do governo; ou também pela criação de entidades não-governamentais que consigam retirar a grana dos ricos para ajudar os pobres de maneira mais efetiva. Como ninguém quer viver de roubar, basta dar aos pobres uma quantidade mínima de dinheiro para que eles deixem de ser pobres e passem a viver tranqüilamente.
O problema do Brasil parece complexo, mas não é. O problema é muito simples e de fácil solução. Só é preciso uma melhor distribuição de renda. Ninguém tem o direito de ser assim tão rico como são muitos brasileiros; poucos quando comparados à toda nossa nação que ainda tem um pobre para cada quatro habitantes.
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