Coisas e Coisas
Um texto aos jovens que vão construir um outro jornalismo
A maioria dos leitores deste blog é formada por jovens jornalistas, gente que acabou de chegar ao mercado ou que ainda está na faculdade. Tenho o privilégio de escrever para uma geração que vai construir um outro jornalismo. Sim, esta é a missão de vocês. Este é o privilégio de vocês.
Na noite da quinta-feira 13 de junho de 2013, após acompanhar diversos relatos da truculência policial pelas ruas de São Paulo diante de uma manifestação até então pacífica, de ver imagens de agressões covardes por parte da PM, eis que leio a chamada principal da edição digital da revista
Veja: “Com ação rigorosa, PM impediu depredação da Paulista”. Não me surpreendeu. Nas redes sociais, pipocaram reações de indignação contra a revista, inclusive de jornalistas, gente se dizendo com nojo, cobrando uma cobertura mais honesta.
A questão é: se este não é mais o jornalismo que se quer, já não está na hora de se construir outro?
A indignação é legítima, mas não basta apenas se indignar contra a velha imprensa. É hora de buscar uma nova.
E não se trata de utopia. Hoje, sobram meios, tecnologias, infinitas possibilidades de criação. Na mesma noite tensa de quinta em São Paulo, já comecei a perceber ares deste novo jornalismo. Muitos jovens indo às ruas fazer seus registros, com textos e imagens. Cobertura ampla, diversa.
Também não adianta viver chorando os passaralhos, os jornais que deixam de existir aos muitos por aí. É triste, claro, ver amigos sendo demitidos, postos de trabalho sendo extintos, mas será que os velhos jornais em crise são a nossa única alternativa?
Por mais que grandes grupos de comunicação definhem e possam vir a morrer, o jornalismo não morre com eles. Porque a busca por informação vai existir sempre, porque as boas histórias terão leitores interessados sempre. Só precisamos aprender a contá-las de formas diferentes.
Os jovens jornalistas podem se resignar e achar que tudo é uma grande merda sem jeito. Ou podem começar a pensar outros caminhos. Parece castigo, mas é um privilégio, sim.
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