Sem emprego em redação, o jovem jornalista vira assessor de imprensa. É contratado por uma agência para "coordenar" o núcleo de Saúde e Bem-Estar. São apenas duas contas - uma sociedade médica na área de urologia e um spa modernex do interior de São Paulo. Está feliz.
Duas semanas depois, assume mais dois clientes, de outros segmentos – um escritório de advocacia e uma agência de turismo. Mas não era para coordenar o núcleo de Saúde? Já não está tão feliz. No fim do primeiro mês, passa a atender também a associação de moradores de uma favela da Brasilândia, na capital (trabalho voluntário da agência). Começa a ficar de saco cheio.
O ritmo é frenético. Escreve vários releases por dia, muitas vezes, sem ter nada interessante para contar. Reuniões chatérrimas com clientes, cobranças do chefe, jantares com jornalistas, entregas de jabá, campanhas de divulgação, eventos, e-mails pra cá, telefonemas pra lá, o maldito follow up. O seu mailing de contatos da imprensa mais parece uma lista de músicas de cantor de churrascaria: tem de tudo. Em dois meses de trabalho, o saco está prestes a explodir.
A vida seria melhor numa redação? Quem disse que assessor tem vida boa, com horário para entrar e sair e folga de fim de semana? Mas o grande problema é quando tanta informação, de variadas fontes, começa a perturbar a mente do jovem jornalista. Ele precisa saber de tudo, da avançada técnica russa de emagrecimento do spa ao novo pacote Índia Maravilhosa da agência de turismo. Está quase ficando louco.
- Por favor, você pode me confirmar quando será o simpósio Urologia e a Saúde do Homem Moderno?, pergunta um jornalista, ao telefone.
- Dia 17.
- Mas dia 17 é domingo. Tem certeza?
- Opa, desculpa, fiz confusão. Domingo é a final do concurso Garota da Laje na Brasilândia. O simpósio é no dia 27.