Coisas e Coisas
Território
Com direção de Joana Providência e coprodução ACE Teatro do Bolhão, Comédias do Mundo e Culturgest, Território, um espetáculo de dança e com linguagem transdisciplinar, o bailado
Território foi apresentado no Teatro do Bolhão. A obra seguiu o conceito de Alberto Carneiro (1937-) e a sua preocupação (relação) com a natureza. Daí, os bailarinos trabalharem com ramos de árvore, canas e terra. Por vezes, exprimiam-se por gestos primitivos, saltos e contorções. Duas vezes expressaram-se verbalmente. Outras vezes, colavam os corpos, harmonizando seres humanos e a terra. Outros momentos ainda sentavam-se e havia silêncio. O começo foi o fazer fogo com duas canas friccionadas. Depois, houve o som da água e os bailarinos deitados ou sentados acompanhavam os seus ruídos primordiais. O espaço cénico (Cristóvão Neto) foi muito ocupado, exigindo muito do corpo de bailarinos presentes.
A contaminação de disciplinas foi evidente. O cinema (câmara lenta), a fotografia (as primeiras experiências buscando o movimento que se encontra depois no cinema), a televisão (as imagens de astronautas na chegada à Lua, com pequenos saltos), a muito rápida abordagem ao bailado clássico russo, a aproximação ao teatro (nas vozes e nos gestos). A própria origem dos intérpretes - uns oriundos do bailado, outros atores - ajuda a interdisciplinaridade. O desenho do som (Carlos Reis e Luís Aly) desempenha um papel crucial no desenrolar da dança. Cada “história” tinha encantos plásticos mas também surgiram momentos menos claros. Por exemplo, não compreendi bem a parte final. Não encontrei a relação da dança com a terra, mas apenas a exibição dos corpos jovens dos bailarinos (e a tatuagem de uma bailarina).
O programa tinha identidade do corpo de bailado mas não me parece ter sido esse corpo de bailado na sua totalidade que vi. Possivelmente houve alterações depois de impresso o programa de atividades do teatro.
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