Nasceu no Império Bizantino em 500 e era filha de Acácio, um tratador de ursos do circo. Acácio faleceu deixando 3 filhas de tenra idade, entre elas, Teodora. À medida que cresciam em idade e beleza, as três irmãs devotaram-se sucessivamente aos prazeres públicos e privados do povo bizantino. Teodora dedicou-se ao teatro burlesco como actriz cómica, o seu talento tendia para o que chamaríamos de comédia física, o teatro inteiro de Constantinopla vinha abaixo com risos e aplausos. Era uma jovem bonita de figura pequena mas elegante, pele suave um pouco pálida de traços finos e delicados, olhos expressivos que faziam cair de amores qualquer um. Teodora exibia sem vergonha cenas de nu no palco, seus encantos venais eram prodigalizados a uma turba promíscua de cidadãos e forasteiros de toda classe e profissão. Enquanto seu avanço na sociedade bizantina subia e descia, ela fez uso de cada oportunidade.
Foi amante de Hécebolo governador de Pentápolis de quem teve um filho, mas a relação durou pouco, Hécebolo não estava disposto a sustentar a dispendiosa e infiel amante. Abandonada em Alexandria, à extrema miséria, durante o seu laborioso retorno a Constantinopla, todas as cidades do Oriente admiraram e desfrutaram a bela cipriota cujo mérito parecia justificar o seu nascimento na ilha de Vénus.
Chegada a Constantinopla Teodora decide-se por uma postura mais decorosa e dedica-se à profissão de fiandeira, vivendo numa casinha modesta que mais tarde transformou num sumptuoso templo. A sua beleza logo seduziu o nobre patrício Justiniano que, reinava com poderes absolutos em nome do tio. Fazendo-se pudica, retardando qualquer avanço do apaixonado amante, Teodora ganhava pontos. Justiniano pôs-lhe aos pés os tesouros do Oriente e mostrou-se disposto a casar com a sua deusa a qualquer custo.
A lei romana proibia o casamento de um senador com uma mulher que tivesse sido desonrada por uma origem servil ou pela profissão teatral. Ao casamento oponham-se a Imperatriz e a mãe de Justiniano, mas este aguardou tranquilamente pela morte da Imperatriz, e desprezando os conselhos e lágrimas da mãe, fez promulgar uma lei que facultava através de um glorioso arrependimento, às desditosas mulheres que se houvessem prostituído no teatro, contrair uma união legal com romanos ilustres.
Assim em 523 casou Teodora com Justiniano e em 527, o patriarca de Constantinopla coloca-lhes o diadema do imperador e da imperatriz do Oriente. A prostituta que, na presença de inúmeros espectadores, tinha corrompido o teatro de Constantinopla, foi adorada como rainha na mesma cidade por graves magistrados, bispos, ortodoxos, generais vitoriosos e monarcas cativos. Teodora mostrou ser uma boa governante, lutou para dar às mulheres os mesmos direitos legais que os homens, garantindo – lhes maiores direitos em caso de divórcio e permitindo – lhes possuir e herdar propriedades, criou ainda casas para ex-prostitutas. Há quem diga que as recolhia nas ruas mesmo contra a sua vontade. Mas da mesma forma que se mostrou generosa também se mostrou implacável para com as pessoas que desaprovava. Os seus numerosos espiões observavam e zelosamente e relatavam qualquer acção, palavra ou expressão injuriosa à sua pessoa. Quem lhe desagradasse era atirado às prisões privativas da imperatriz, inacessíveis e por lá ficavam até à morte.
Justiniano idolatrava a mulher e apesar de esta nunca lhe ter conseguido dar um filho, seu domínio era permanente e absoluto, preservou pela astúcia ou pelo mérito, o afecto do Imperador. Teodora morre por volta dos 50 anos, 20 anos antes de Justiniano. Seu corpo foi enterrado na igreja dos Santos Apóstolos, um dos mais esplêndidos templos que o imperador e a imperatriz construíram em Constantinopla. Junto com o marido, ela é santa da Igreja católica Ortodoxa, comemorada a 14 de Novembro.