Coisas e Coisas
PÓS-GÉNERO
A revista
Comunicação & Cultura, da Universidade Católica Portuguesa, abre o
call for papers para o número
Pós-Género, com coordenação de Isabel Capeloa Gil e Carla Ganito, até dia 30 de Dezembro de 2009. Lê-se:
- A reflexão em torno das questões de género tem marcado de forma relevante a produção académica das últimas duas décadas, em particular devido ao impulso teórico dos chamados feminismos de segunda e terceira vaga. Contudo, a atenção teórica dada à questão ou a implementação de políticas liberais com a finalidade de construir cenários simbólicos, sociais, políticos e económicos que reconheçam a paridade entre homens e mulheres, não tornou o tema ultrapassado. Na verdade, à medida que se multiplicam os estudos, em diversas partes do mundo reifica-se a diversidade cultural como justificação essencialista para a hierarquização dos papéis sociais de homens e mulheres e de construção de uma diferença que rejeita direitos e menoriza. Esta realidade ambivalente é acompanhada por uma pluralidade de abordagens teóricas sobre o formante género e sobre a função da diferença sexual que, renovando o discurso binário dos ‘estudos de género’ iniciais, articulam esta problemática com questões como a diversidade étnica, a idade, a orientação sexual, a raça, a ecologia e a tecnologia. Em contraponto, argumentando a favor de um esgotamento do discurso ocidental sobre a paridade, alguns sectores defendem o surgimento de uma época de pós-feminismo e pós-género.
Pós-género apresenta-se, assim, como um conceito ambivalente, que possibilita uma dupla leitura. O prefixo ‘pós’ designa aquilo que vem depois, podendo apresentar-se como a estratégia teórica, retórica e politica que designa à posteriori a completude do projecto de emancipação a que os ‘estudos de género’ procuravam dar resposta. Contudo, o prefixo pode ser igualmente lido como um claro gesto de subversão da cronologia, isto é, uma formação que, à semelhança do que acontece com pós-moderno ou pós-colonial, não designa o que vem depois do género, mas que, afirmando a validade da categoria, se debate com os novos caminhos a encetar em face das metamorfoses das sociedades contemporâneas.
Este número acolhe contribuições teóricas e aplicadas que se situem no campo dos estudos de cultura e da comunicação e que reflictam sobre os desafios do formante pós-género. Solicitam-se contributos que abordem, entre outras, as seguintes matérias: Género e Pós-género: Desafios e Problemas; Pós-género, pós-moderno, pós-colonial; Pós-género e pós-feminismo(s); (Inter)mediações do género no século XXI; Pós-género e pós-humano (ciberfeminismo, ciborgues, I.A.); Os usos sexuados das novas tecnologias; Representações de pós-género na literatura, nos jornais, na televisão, no cinema e nas artes performativas e visuais; Os media e os direitos sociais de género na era dos ‘pós’; Sustentabilidade e diferença sexual; Os estudos culturais e os feminismos.
Normas de publicação aqui. E-mail:
[email protected]. Endereço: Universidade Católica Portuguesa, Faculdade de Ciências Humanas, Palma de Cima, 1649-023 Lisboa
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