Ontem, fui ao concerto dos Beatles
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Ontem, fui ao concerto dos Beatles


O filme The Beatles: Eight Days a Week - The Touring Years (2016), de Ron Howard, recolhe elementos sobre 250 concertos da banda de Liverpool entre 1963 e 1966, como músicas, entrevistas e histórias dos quatro músicos. Outro dado: de 1962 a 1966, atuaram 815 vezes em quinze países e 90 cidades.

Admirador da banda, embora com um gosto adormecido nos últimos anos, pude compreender as histórias, os sucessos e as dificuldades, o lado criativo dos músicos nascidos na primeira metade da década de 1940 em meios de classe trabalhadora inglesa, a sofrer os efeitos da II Guerra Mundial. A exaustão da vida dos músicos é a origem da canção Help - ensaios de manhã no estúdio, sessões fotográficas ao começo da tarde, concerto à tarde na televisão e atuação num clube noturno à noite ou 25 concertos em 30 dias na primeira visita aos Estados Unidos ou ainda o boicote naquele país quando Lennon declarou que os Beatles eram mais populares que Jesus Cristo. Isto provocou medo na banda e um pedido de desculpas do músico.

Num dos depoimentos, um historiador da música compara, em termos de melodias, a criatividade dos Beatles, nomeadamente a dupla Lennon/McCartney, a Schubert e a Mozart. Dos Beatles, teriam ficado mais de 400 canções. Noutro depoimento, reflete-se a viragem dos primeiros álbuns com letras viradas para "eu amo-te, tu amas-me" para líricas mais sociológicas, fruto do amadurecimento dos músicos. Mas sempre uma grande energia e uma atualização, que se pode ver nos estilos de vestuário e códigos de conduta e em alguma afirmação política, como quando decidiram tocar num estádio no sul dos Estados Unidos para negros e brancos, sem segregação, numa altura em que os negros lutavam pelos seus direitos cívicos.

No final, após a ficha técnica, em cópia restaurada, viu-se um magnífico concerto em estádio de Nova Iorque em 1965. Como a banda nunca veio a Portugal, só agora nós temos possibilidades de os ver ao vivo. No concerto, que reuniu quase 57 mil espectadores, a banda saiu de automóvel de dentro do estádio para fugir ao contacto com os fãs, que gritavam, choravam e desmaiavam. A polícia nunca vira uma multidão tão entusiasmada e descontrolada. Os músicos não conseguiam ouvir o que tocavam, dado o ruído em volta. Apenas os automatismos de muitas horas em conjunto permitiram que a banda tocasse afinada.


Nota: amanhã, 19 de setembro de 2016, na sessão das 21:30 do cinema Monumental (Lisboa), Luís Pinheiro de Almeida e Teresa Lage, autores do livro Beatles em Portugal, falarão sobre o filme.



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