Coisas e Coisas
O tarô, segundo o baralho jornalístico
Conheça os 22 arcanos maiores:
O Louco – simboliza um novo começo (o cara que perdeu o emprego e decidiu montar sua própria assessoria) ou atos imprudentes (como seduzir a amante do diretor de redação).
O Mago – diz respeito à capacidade de utilizar o talento para a concretização de novos empreendimentos, como aquele jornal independente que não passa da segunda edição.
A Sacerdotisa – representa o sigilo, os jornalistas que conseguem manter um off, os que não revelam de jeito nenhum o saldo de sua conta bancária.
A Imperatriz – ligação forte com o feminino e com o poder de suportar um trabalho sacrificante. É a repórter que rala na redação, e ainda é mãe, esposa, consultora da Natura.
O Imperador – representa o domínio, o autoritarismo, o repórter especial que não aceita ser pautado, o fotógrafo que odeia palpites em seu trabalho.
O Papa – também conhecido como O Hierofante ou arcano Jabor, é a carta que guia os jornalistas que se acham portadores de uma sabedoria divina.
Os Enamorados – é o amor, a vontade própria, é a repórter fogosa que transa com o motorista no carro do jornal e, depois, diz: “rápido pra pauta, Jurandir, que estou atrasada”.
O Carro – simboliza a retidão, a honestidade. Assessor, jamais ofereça um jabá a quem costuma sortear esta carta.
A Força – Representa a audácia, o sujeito que quer fazer uma super-reportagem sobre o tráfico de drogas no morro, correndo o risco de acabar num forno de microondas.
O Eremita – simboliza o isolamento, o repórter que senta lá no fundo da redação para que ninguém veja a matéria que ele está escrevendo.
A Roda da Fortuna – esta carta, infelizmente, não existe no baralho jornalístico.
A Justiça – representa a reflexão, a racionalidade, o repórter que analisa a notícia sob diferentes prismas antes de publicá-la e acaba sendo furado por um repórter mais ágil e prático.
O Enforcado – carta que simboliza o mistério, o dilema. O que compensa mais: o cheque especial ou um empréstimo bancário? Pago a pensão pra ex ou vou pra cadeia?
A Morte – apesar de estar ligada ao deadline, que é sempre muito apertado e negativo, a carta representa um renascimento: a reunião de pauta para a edição seguinte.
A Temperança – significa o equilíbrio emocional e espiritual, uma carta muito difícil de ser sorteada pelo jornalista, a não ser que ele esteja de folga.
O Diabo – Não se trata do editor que vive cassando sua folga. É a carta que representa a ambição, a vontade louca de ganhar um Esso ou, pelo menos, uma menção honrosa.
A Torre – carta que simboliza os eventos inesperados. Se você já acabou tudo que tinha para fazer na redação, trate de ir embora rápido antes que pinte uma pauta de última hora.
A Estrela – a carta da orientação, que nos conduz por caminhos desconhecidos, muito ligada aos motoristas mais experientes do jornal ou aos que usam GPS.
A Lua – simboliza a capacidade instintiva do jornalista, o cara que sabe quando uma pauta vai dar merda ou quando sua matéria vai cair para dar lugar a um anúncio dos bons.
O Sol – representa a felicidade, a autoconfiança, o texto fechado a tempo, a chamada de primeira página, o furo.
O Julgamento – tem como significado as grandes mudanças que estão por vir. Que tal correr até a máquina do café para saber da rádio-peão se tem algum passaralho a caminho?
O Mundo – simboliza a perfeição, o bem-estar, a gratificação. Assim como a Roda da Fortuna, esta carta não existe no baralho jornalístico. O Mundo, meu amigo, acabou.
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