O Prêmio Nobel de Literatura é Justo? Parte III - A História (do fim da II Guerra até os nossos dias)
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O Prêmio Nobel de Literatura é Justo? Parte III - A História (do fim da II Guerra até os nossos dias)


O post anterior analisou as primeiras quatro fases do Prêmio Nobel de Literatura, até a Segunda Guerra Mundial. A partir de 1946, o novo secretário, Anders Österling, resolveu observar o gosto popular e especialmente os autores pioneiros. Como nas ciências, os laureados, a partir de então, deveriam ser pessoas que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento da literatura, apresentando algo diferente do que existia até então. Através desses critérios, vieram escolhas como Hermann Hesse, que foi rejeitado nos anos trinta e fortemente criticado por Wirsén, e Samuel Beckett. Por suas atividades políticas, no entanto, Ezra Pound foi rejeitado apesar de seu pioneirismo. Apesar de não premiar Valéry (que morreu em 1945), a série de premiações desta época foi das melhores: além de Hesse, foram dados prêmios a André Gide, T.S. Eliot e William Faulkner. Ao premiar Eliot, Österling ressaltou a grande omissão da Academia por não premiar James Joyce e seu "Ulisses", o maior pioneiro da literatura. Esta visão, apesar de perder sua força a partir de 1978, prevaleceu em escolhas de outros pioneiros como Naguib Mahfouz, responsável pela novela contemporânea do mundo árabe e Camilo José Cela, um grande inovador da ficção pós-guerra na Espanha. Ainda no campo das inovações linguisticas, em 2000, Gao Xingjian foi laureado e reconhecido como alguém que abriu novos caminhos para a literatura chinesa.

A partir de 1978, o novo secretário Lars Gyllensten e a Academia, resolveram prestar mais atenção a importantes escritores desconhecidos do público da época. A partir de então, prêmios foram dados a to Isaac Bashevis Singer, Odysseus Elytis, Elias Canetti e Jaroslav Seifert. A poesia também passou a ter grande importância e entre 1990 e 1996, onde quatro dos sete prêmios foram dados a poetas: Octavio Paz, Derek Walcott, Seamus Heaney e Wislawa Szymborska, todos anteriormente desconhecidos do público.

Por último, numa fase que prevalece até os dias atuais, a Academia tem se empenhado em premiar escritores do mundo inteiro. Certamente o desejo de Nobel era premiar qualquer um, escandinavo ou não, por seu belo trabalho na literatura. O problema para fazer uma escolha que envolvesse qualquer parte do mundo era a barreira existente por causa do idioma. Com estabelecer critérios justos para a nomeação de uma língua pouco conhecida pelos membros da Academia? O prêmio dado a Yasunari Kawabata em 1968 ressaltou as dificuldades existentes para julgamento de obras em línguas que não são faladas na Europa - o trabalho de avaliação durou sete anos e envolveu quatro especialistas internacionais. Em 1984, no entanto, Gyllensten declarou sua intenção de focar a atenção a escritores fora do eixo europeu. Wole Soyinka da Nigeria foi laureado em 1986 e Naguib Mahfouz do Egito em 1988. Daí a lista continuou com Nadine Gordimer, da África do Sul, Kenzaburo Oe, do Japão, além de Derek Walcott, Toni Morrison e Gao Xingjian. No entanto, a Academia fez questão de ressaltar que a nacionalidade do escritor não estava envolvida na questão e sim suas qualidades literárias.



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