O Inferno de Duda
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O Inferno de Duda


O ócio que vivo nos últimos tempos tem me inspirado muitas reflexões malucas. Ao longo do dia, me afogo em pensamentos surrealistas, interrompidos apenas à noite, quando sento no sofá para ver as gostosas do Big Brother, como disse um tal meritíssimo. Num desses recentes devaneios, imaginei como seria o Inferno de Dante se ele fosse habitado apenas por jornalistas. É, meus amigos, a casa do Capeta ficaria apertada com tanta gente e teríamos de recorrer, com certeza, à distribuição de senhas. E os jornalistas, sabidos que são, abririam mão, neste caso, do famoso Q.I. (quem indica). Mas apenas neste caso.

Resolvi registrar neste blog minha jornada espiritual pelo Inferno, acompanhada por ninguém mais ninguém menos do que Paulo Francis, o meu querido Virgílio. Neste post, apresentarei o limbo, uma espécie de ante-sala do Inferno e os três círculos seqüentes. A história continua num próximo post, com os demais círculos e os pecados mais cabeludos.

Limbo: é o local onde ficam os jornalistas que fizeram algo de louvável, mas que não escaparam do Inferno simplesmente porque escolheram ser jornalistas. São os que denunciaram maracutaias e políticos corruptos, os que fizeram grandes reportagens em defesa da Amazônia e de causas sociais importantes. O local também abriga os críticos que sempre detonaram os livros do Paulo Coelho. Vivem uma vida modesta, bem classe média. Nunca chegarão ao Paraíso, mas também não arderão nas profundezas do Inferno.

2º círculo (luxuriosos, sedutores e sacanas em geral): é onde ficam os jornalistas que sempre tentaram comer as estagiárias gostosas da redação, as estagiárias feias, enfim todas as estagiárias. Há também os que adoravam impressionar as mulheres com o “status” de ser jornalista, no melhor estilo Bozó, da Rede Globo. No Inferno, vivem isolados, sem contato com o sexo oposto. São condenados ao onanismo eterno. Ao chegar, recebem um kit, com uma Playboy da Hortência e um pôster da Dilma Rousseff, com as opções antes ou depois da funilaria.

3º círculo (gulosos): é onde ficam os jabazeiros, gente que adorava um presente sofisticado, uma viagem a convite de alguma agência de turismo, além de vernissages, jantares e bocas-livres em geral. Na morada do Capeta, os únicos presentes que podem receber são cuecas sujas (com muitas freadas) e pijamas com um furo na bunda. Em vez de jantares chiques, freqüentam as festas na laje do círculo, com churrasco de gato, cerveja morna e pagode. Viagens apenas para a praia da Farofa Quente, uma espécie de Piscinão de Ramos do Inferno.

4º círculo (avarentos): é o espaço reservado aos jornalistas que adoravam dar “carteirada” para assistir a eventos esportivos ou espetáculos culturais na faixa. Usavam a velha desculpa de que estavam a trabalho só para não pagar. No Inferno, eles são obrigados a viver em uma casa de shows velha, desconfortável e sem ar-condicionado. O calor passa dos 50 graus. Passam o dia inteiro na frente de um telão, assistindo, repetidamente, a um mesmo show da Banda Calypso. Aos domingos, são obrigados a rever todos os jogos do Vasco do último Campeonato Brasileiro. Tudo de grátis, é claro.



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