As nanopartículas criadas artificialmente pelos pesquisadores funcionam como verdadeiras “máquinas” dentro do organismo, uma delas está sendo desenvolvida pelo Instituto do Coração, InCor, e pretende ajudar a tratar entupimentos nas artérias (a arteriosclerose - principal causa de enfartos do coração) e já apresentou bons resultados em laboratório.
Em busca da cura de doenças a medicina se concentra naquilo que não se vê a olho nu: partículas que medem a milionésima parte de um milímetro. Com partículas de ferro pesquisadores criaram um contraste que promete facilitar a identificação de tumores. A substância usada em exames de ressonância magnética torna o diagnóstico mais preciso. Ela já foi testada em animais e a expectativa é que também possa ser usada para acompanhar o estado do paciente depois de medicado.
Na medicina a nanotecnologia tende a tornar as terapias cada vez mais individualizadas e até baratas porque se usa uma quantidade menor de remédios. Poderemos ser mais específicos e dizer que estas pesquisas estão dentro da nanomedicina, que é a denominação dada à união da medicina e da nanotecnologia. Em suma a nanomedicina consiste em usar nanopartículas, nanorobôs e outros elementos em escala nanométrica para curar, diagnosticar ou prevenir doenças.
No Instituto do Coração a nanotecnologia abriu espaço para novos tratamentos de câncer e de doenças cardiovasculares. Os pesquisadores desenvolveram uma nanopartícula semelhante a que transporta o colesterol no sangue, essa partícula artificial tem a missão de levar o medicamento diretamente para as áreas atingidas pelas doenças.
A partícula é criada a partir de um equipamento de ultra-som e de uma centrífuga e depois é injetada no organismo. Testes em coelhos com altas doses de colesterol mostraram que a técnica tem uma eficácia 60% maior do que os medicamentos convencionais para desobstruir artérias comprometidas. A fórmula desenvolvida pela Faculdade de Medicina da USP alia um medicamento famoso no tratamento de câncer, o taxol, que atua bloqueando a proliferação de células, a uma partícula sintética chamada LDE, que torna a administração de medicamentos mais eficiente. A LDL, partícula transportadora de colesterol existe naturalmente no organismo na proporção de bilhões por centímetro cúbico de sangue.
Em ratos que sofriam de câncer os exames revelaram que a sobrevida aumentou, e que os tumores submetidos ao novo método ficaram bem menores do que os receberam remédio de forma tradicional. O coordenador do estudo acredita que o tratamento estará disponível para humanos daqui a dois anos. As primeiras pesquisas em 60 pacientes com câncer constatam que os efeitos colaterais foram reduzidos.
Segundo o físico Cylon Gonçalves da Silva, ex-diretor do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron e idealizador do Centro Nacional de Referência em Nanotecnologia, “a nanotecnologia é extremamente importante para o Brasil, por que a indústria brasileira terá de competir internacionalmente com novos produtos para que a economia do país se recupere e retome o crescimento econômico”.
Não se pense que a nanotecnologia tem uso apenas na área médica. Outras utilizações mais radiciais da nanotecnologia, seria a sua utilização nas ciências computacionais, como por exemplo na nanofotónica, em que nanocristais seriam criados de modo a permitir uma capacidade bus na ordem dos milhares ou dezenas de milhares de bits.
Marcos Siqueira - Equipe Biotec AHG ( 27/11/2006)
Fonte:http://www.biotec-ahg.com.br