JORNAL 57
Coisas e Coisas

JORNAL 57


Em texto publicado no número 41 da revista Jornalismo e Jornalistas (já aqui referida), Álvaro Costa de Matos escreve sobre O jornal 57 e o Movimento de Cultura Portuguesa: história & memória. Contextualiza o aparecimento do jornal 57: lançado no importante ano de 1957, época em que, apesar da ditadura política, se assistiu a uma forte viragem em parte proporcionada pelo Diário Ilustrado e pela consolidação de revistas e jornais, casos da Vértice (1942-), do Globo (1943-1959), do Panorama (1941-1959), de O Tempo e o Modo (1961-1977), da Revista Filosófica (1951-1958) e de Filosofia (1954-1961).


O jornal 57 editou 11 números, com média de 3 a 4 números por ano, o que revela uma certa irregularidade. Dirigido por António Quadros, contou com a colaboração de outras figuras importantes do pensamento da época, como Orlando Vitorino, Afonso Cautela, Luís Zuzarte, Francisco Sottomayor, Ernesto Palma, Azinhal Abelho, Alfredo Margarido e Ana Hatherly. À colaboração literária juntou-se uma menor colaboração plástica, dada a assunção do texto em detrimento da imagem: Jorge Costa, Santiago Areal, Vieira da Silva e António Botelho.

No jornal 57, António Quadros assumiu o lugar de maior destaque, com textos sobre filosofia da história, estética e arte, existencialismo, ensino, cultura e ciência, dança e cinema, além de recensões e crítica literária. O programa filosófico e cultural do jornal era a filosofia portuguesa, como a conferida por Sampaio Bruno e Leonardo Coimbra, a necessidade dos "novos" assumirem a potencialidade criadora no sentido de um destino e missão como a que Camões, Guerra Junqueiro, Teixeira Pascoaes e Fernando Pessoa assumiram.

Álvaro Matos considera muito elevado o contributo do jornal 57, em especial o dinamismo e valorização da cultura portuguesa e o contributo dado ao conhecimento e divulgação de pensadores como Hegel, Nietzsche, Freud, Voltaire, Balzac, através de traduções, e da publicação de originais portugueses como Afonso Botelho, Natércia Freire e Agustina Bessa Luís.

Álvaro Matos é coordenador da Hemeroteca Municipal de Lisboa e investigador do Centro de Investigação Media e Jornalismo.



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