Coisas e Coisas
IMAGENS DE TELEVISÃO
Ontem, houve dois conjuntos de imagens de televisão que me fizeram pensar.
O primeiro prende-se com a hipótese de conspiração de destruição de aviões, a partir de Londres. Entrevistados passageiros, os presentes no aeroporto de Heathrow mostraram-se pragmáticos, mesmo proactivos. Respondiam: "sim, é aborrecido, estamos aqui à espera, mas é para nossa segurança". E elencavam o tipo de obrigações ou constrangimentos que estavam a ocorrer, dignificando sempre a importância da segurança. Ao invés, uma passageira portuguesa em aeroporto nacional a embarcar para Londres respondia do seguinte modo: "não sei, estou à espera, disseram-me que comunicariam alguma coisa à uma da tarde, ainda não sei se vou, não sei, tenho medo, não sei se vou". E com esta indistinção na sua decisão havia uma mistura de receio e de alegria por estar a ser entrevistada pela televisão. Só faltava o "emplastro" (indivíduo que costuma colocar-se atrás do entrevistado e sorri de modo alarve). Não se poderiam seleccionar melhor imagens e entrevistados?
O outro conjunto de imagens que chamaram a minha atenção foi o da vitória de ontem de Francis Obikwelo nos europeus de atletismo de Gotemburgo. Eu vi claramente a vitória, mas, de repente, a câmara e uma legião de fotógrafos focaram um outro atleta, presumo que o segundo classificado, com uma enorme bandeira do seu país. Obikwelo receberia uma pequena bandeira portuguesa e depois uma outra pequena bandeira, mas a televisão quase não o acompanhava. Por momentos, fiquei confuso, tipo: "será que ele não ganhou e eu não vi bem a corrida"? A televisão preferia o outro concorrente, o do país organizador. Não haveria um dirigente nacional de atletismo que, num momento de patriotismo, corresse para Obikwelo e lhe desse uma igualmente grande bandeira? Caramba, era a segunda medalha de ouro ganha por ele e não há muita gente que se gabe desse feito.
A ausência de imagem de Obikwelo - ou o atleta na solidão da vitória - fez-me lembrar outra situação, a de Tiago Monteiro, quando este fica em décimo lugar numa corrida automobilística e os media nacionais falam do seu bom desempenho e quase ignoram o segundo, o terceiro e o quarto classificado e por aí adiante. A isto poderia chamar-se jornalismo bacoco, pseudo-nacionalista.
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