Coisas e Coisas
Felisbela Lopes apresenta livro sobre jornalismo em Lisboa
Foi hoje ao fim da tarde que Carlos Magno, presidente da ERC (à esquerda) apresentou o livro de Felisbela Lopes, docente da Universidade do Minho (ao centro), e com Zita Seabra, responsável pela editora Alêtheia. O livro chama-se
Jornalista. Profissão Ameaçada. Começa do seguinte modo: "Os jornalistas vivem hoje sob permanente pressão. Pressão para ser rentável. Pressão para fazer a cobertura de determinado acontecimento. Pressão para ouvir este ou aquele interlocutor".
Em poucas palavras de apresentação, a editora regozijou-se por, no livro, se juntar a academia e os profissionais da coisa. Depois, Carlos Magno, na linguagem simultaneamente jornalística e erudita que o caracteriza, referiu o texto como sendo de leitura não necessariamente linear mas uma obra para ser consultada e revisitada. Para ele, a autora apagou-se face aos inquiridos, deixou falar cem jornalistas, que responderam ao inquérito que está na base do livro e sem se importarem de responder a questões polémicas. O que significa que os profissionais estão à espera de ser desafiados na sua profissão, embora possam ter dificuldade de auto-reflexão. O livro, para Carlos Magno, mostra as pressões económicas, políticas e de mãos invisíveis que marcam a agenda mediática, e contra a qual os jornalistas se devem erguer.
Quer Carlos Magno quer Felisbela Lopes expressaram uma posição semelhante face à atual discussão sobre a legislação sobre a cobertura da campanha eleitoral que se avizinha. Para o primeiro, os diretores dos media devem fazer e conduzir a discussão. E devem defender o espaço editorial. Magno olha o problema de dois ângulos: 1) à profissionalização das fontes de informação corresponde a proletarização dos jornalistas, 2) recuperação do poder do editor como responsável do espaço editorial. Ele frisaria ainda mais dois pontos: 3) criar alternativas à existente agenda mediática, 4) juntar, como no presente livro, a experiência dos jornalistas e a investigação académica.
Este último tópico foi recuperado por Felisbela Lopes, que destacou a disponibilidade dos jornalistas para responderem às suas perguntas. A autora acredita no futuro do jornalismo, apesar de encontrar tensões agravadas (pressões económicas e políticas como o começo do seu livro anuncia). "A pressão de lucro não pode ser cega", num enunciado próximo do manifesto.
[ouvir parte da apresentação de Felisbela Lopes em https://soundcloud.com/rog-rio-santos-6/felisbela-lopes]
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