A minha comunicação à mesa de História dos Media chamou-se A Relação das Tecnologias de Informação e dos Media nos Últimos 40 Anos. Retiro três parágrafos da comunicação:
Hilmes (2002, 2008), Keith (2008) e Sterling e Keith (2008) produziram excelentes perspectivas da história dos media electrónicos, que sigo, apesar da realidade nacional não ser coincidente com a história internacional dos media. Hilmes (2002) divide a história dos media em períodos de 10 anos como se fossem ciclos de renovação de tendências, perspectiva aparentada à de Smith (1999), que discursa sobre o tempo da aceitação económica de uma tecnologia. Winston (1998) e Bolter e Grusin (2000) são menos acutilantes na ideia diacrónica e determinista da história e o livro coordenado por Keith (2008) tem preocupações em temas como programação, construção da nação, comunidades e política, cultura e religião.
Já Keith (2008a) destaca os estudos sobre a história da rádio focados, por exemplo, em inquéritos à opinião pública e análise das agências governamentais e das empresas radiofónicas. Keith evidencia o modo inicial como académicos e críticos viam a rádio como meio experimental, popular e frívolo. Contudo, no começo da década de 1930, após a transmissão das conversas à lareira do presidente americano Roosevelt, começaram a encará-la como dotada de força cultural para a mudança. O programa radiodifundido no dia do Halloween de 1938 por Orson Welles, representando uma invasão de marcianos, provou o poder do meio. Keith (2008a) analisa ainda a história da rádio a partir de elementos como género, raça, religião e família, seguindo a preocupação sentida noutro trabalho (Keith, 2008), já assinalado.
Quanto a Daniel, Mee e Clark (1999) e Morton (2004), dão destaque ao registo magnético, com os seus pioneiros e inventores. A gravação constitui uma área fundamental no desenvolvimento dos media electrónicos, da rádio e da televisão aos computadores e à internet, do gravador de som e da cassete ao disco rígido, com uma diversificação de produtos, naquilo a que Daniel, Mee e Clark (1999) chamaram desenvolvimentos relacionados e Winston (1999) designou de redundâncias (os formatos de vídeo VHS, Beta e 8 mm, por exemplo, levando a uma grande guerra comercial). Morton (2004), para além da história do registo musical e do destaque de aparelhos como o fonógrafo, o gravador magnético e o óptico, estudou igualmente as estratégias comerciais e as lutas de patentes.
O vídeo mostra a comunicação de Francisco Rui Cádima, intitulada Para a História do Pluralismo na RTP: Análise de Deliberações e Estudos da AACS e da ERC.