Censura discográfica (6)
Coisas e Coisas

Censura discográfica (6)


"14.2.1974. Inconveniente adquirir ou transmitir Duarte e Ciríaco, com Este Parte, Aquele Parte, e João Perry, com textos literários de poesia de Eugénio de Andrade".


O EP (duas canções) tinha Este Parte, Aquele Parte (Rosalia de Castro/José Niza) e Selva-Mundo (José Niza), com arranjos e direção de orquestra de Thilo Krasmann, supervisão de Rui Ressurreição e som de Moreno Pinto (do blogue Ié-Ié, de Luís Pinheiro de Almeida). Traduzido por José Niza, o poema de Rosalia de Castro dizia: Este parte, aquele parte / e todos, todos se vão. / Galiza, ficas sem homens / que possam cortar teu pão / Tens em troca orfãos e orfãs / e campos de solidão / e mães que não têm filhos / filhos que não têm pais. / Corações que tens e sofrem / longas horas mortais / viúvas de vivos-mortos / que ninguém consolará".
 
Retiro ainda do blogue Ié-Ié: "O duo Duarte & Ciríaco, de música folk, formou-se em Coimbra em finais de 1968 com Duarte Braz e Ciríaco Martins. Natural dos Açores e antigo viola-ritmo dos Álamos, uma das bandas yé-yé de Coimbra, Duarte Braz tinha 23 anos em 1967 e frequentava o 4º ano da Faculdade de Direito. Um ano mais tarde, juntou-se a Ciríaco Martins, 21 anos, igualmente estudante em Coimbra, do 3º ano de Química, e ambos formaram os Folkers, onde cantavam música folk, nomeadamente de Peter, Paul and Mary, Joan Baez, Bob Dylan, Donovan e Simon and Garfunkel. Em finais de 1968, decidiram iniciar um novo projecto no âmbito da música portuguesa e começaram então a cantar em português temas de sua autoria e outros, com inspiração e adaptação do cancioneiro popular, nomeadamente do folclore açoreano e alentejano, com poemas de poetas portugueses. Assim nasceu o duo Duarte e Ciríaco, fazendo transição para outro estilo musical que surgiu numa nova fase da música portuguesa, com o denominado movimento dos baladeiros, herdeiro de José Afonso e Adriano Correia de Oliveira, com nomes como Luís Cília, Manuel Freire, padre Fanhais, José Jorge Letria, José Barata Moura, entre outros".

[anteriores edições em 9, 23 e 30 de Janeiro e 1 e 6 de Fevereiro; próxima edição a 21 de Fevereiro]



loading...

- Censura Discográfica (13)
"26.3.1974. Por determinação superior, devem ser retirados de programação todos os trechos da autoria de José Afonso, Jorge Letria e Adriano Correia de Oliveira ou por eles interpretados, embora de outros autores. As respetivas gravações devem...

- Censura Discográfica (10)
"15.3.1974. Inconveniente adquirir ou transmitir António Calvário (Vou ao Norte, de José Eduardo Pereira)", Imavox IM 20031F. [anteriores edições em 9, 23 e 30 de Janeiro, 1, 6, 14 e 21 de Fevereiro, e 4 e 12 de Março; próxima edição a 19 de...

- Censura Discográfica (4)
"1.2.1974. Inconvenientes adquirir ou transmitir José Afonso (Venham Mais Cinco), Petrus Castrus (Mestre), Carlos Mendes (E Alegre se Fez Triste; O Regresso) e Leonel Sena (Rolf Knôfel)". De uma só vez, a Emissora Nacional proibia quatro discos. Curiosamente,...

- Censura Discográfica (3)
"30.1.1974. Inconveniente adquirir ou transmitir José Barata Moura (Produção, Subúrbio, Vamos Brincar à Caridadezinha)". No dia 23 de Janeiro de 1974, a censura da Emissora Nacional referira genericamente o disco. Agora especificava o nome...

-
LET'S JAZZ EM PÚBLICO Na semana passada, chegou ao fim a colecção de discos de jazz editados pelo jornal Público, em projecto com José Duarte e o Centro de Jazz da Universidade de Aveiro. Foram 31 semanas de compras (a €6,5 cada disco). ...



Coisas e Coisas








.