CCB (II)
Coisas e Coisas

CCB (II)



Hoje, foi um dia cheio de novidades. De manhã, Joe Berardo, ao microfone da Antena 1, entendia que António Mega Ferreira se devia demitir da presidência da Fundação do Museu Berardo, porque nunca mostrara interesse pelo museu. Ontem, por exemplo, não tinham sido postas bandeiras com o nome do museu. Logo depois, Mega Ferreira demite-se. Berardo, pelo que li no Público on-line esclareceu que nunca pedira a demissão de Mega Ferreira; mas foi isso, de facto, que ele disse de manhã à rádio.

Neste confronto, vejo duas posições distintas. Mega Ferreira, no lugar que ocupa no CCB, é um servidor do Estado, um alto funcionário do Estado (embora apenas em comissão de serviço). Berardo é o proprietário das obras que estão no museu com o seu nome. Mega Ferreira sairá um dia do cargo, o museu manter-se-á, com aquelas obras e aquela designação. São, assim, posições de desigual peso.

Joe Berardo tem uma simplicidade desarmante. Hoje, à mesma rádio, ele dizia querer que toda a gente fosse ao museu. E deu sugestões: as pessoas do futebol deviam ir. A entrada é gratuita para quem tiver cartões de sócio com quotas em dia. Ou seja: propõe a arte para as massas. E confessou não ser entendido em arte, mas com o dever de adquirir peças de arte para que as pessoas a usufruam.

O homem que fez frente à Sonae na compra da PT e a Jardim Gonçalves na blindagem dos estatutos do banco Millennium BCP e lançou a ideia de uma OPA ao Benfica, é um líder popular. As capas dos jornais e das revistas dos últimos tempos mostram-no, mais a sua história de vida e a sua família. Por isso, pela promoção e pela identificação com Berardo, as pessoas vão deslocar-se ao museu, que deve ser um sucesso nos próximos tempos.

Isto tudo apesar de eu gostar muito do trabalho de Mega Ferreira e o achar uma das pessoas mais lúcidas e cultas do país. Quando tomou posse à frente do CCB, Mega Ferreira falava da construção do terceiro edifício, da Festa da Música, de novos tempos para o Centro Cultural. O primeiro sinal de alarme veio com o corte orçamental. Este seu mau bocado deve ter tudo a ver com as decisões da ministra.



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