Os títulos dos jornais de hoje reflectem os dados da Marktest relativamente às audiências de televisão no ano agora passado. Se Maria Lopes (Público) interpreta apenas os dados das audiências, Paula Brito (Diário de Notícias) ouve os directores de programas dos canais generalistas, com revelações curiosas. Parece que estamos em noite eleitoral em que todos os partidos ganham. Se Nuno Santos (RTP) e José Eduardo Moniz) comentam a subida ou a liderança, Francisco Penim (SIC) diria: "Em Maio [de 2006], a diferença entre a TVI e a SIC era de oito pontos percentuais e em Dezembro acabámos com meio ponto de diferença".
Na realidade, olhando para os gráficos publicados nos dois jornais, parece que a SIC recuperou ao longo de 2006 (24,7% para 27,7%), a TVI baixou (32,8% para 28,2%), embora lidere, e a RTP1 subiu (24,0% para 25,6%) (a 2: passou de 4,8% para 5,2%). Por isso, parece-me excessivo o que Maria Lopes escreve sobre a SIC: "Depois de em 2005 ter perdido a liderança pela primeira vez em dez anos para a TVI, a estação de Carnaxide volta a ceder terreno, agora para a RTP. Algo que anuncia um 2007 preocupante para o canal de Balsemão".
As audiências servem, em primeiro lugar, os canais comerciais, necessitados delas para atrairem investimentos públicitários. Depois, a luta principal situa-se entre TVI e SIC, as duas estações com mais audiência, com a segunda a aproximar-se da líder. Por isso, parece-me que o principal combate é entre os dois canais privados.
De destacar ainda a boa performance da RTP1 na passagem de ano. Dança comigo foi, dos programas das três estações, o de maior qualidade, embora o formato da TVI não fosse muito distinto (e englobasse uma componente de "apoio social"). Mas a Floribella (SIC) esteve no ar até mais tarde - os dados apresentados nos jornais não revelam se houve fuga de espectadores para a SIC no começo de 2007.