Coisas e Coisas
As minhas retrospectivas
Estou entrando em férias. Nada como poder passar uns dias na praia, disputando um pedaço de areia com gente e bichos geográficos. Sim, blogueiros também têm direito a férias! Aviso os navegantes que este é o último post de 2010. Retorno ao blog em 11 de janeiro. Um detalhe: mesmo neste período de recesso do blog, seguirei no Twitter (
@duda_rangel) com a retrospectiva dos melhores (ou piores) posts do ano.
2010 foi especial para o blog
Desilusões perdidas. O número de leitores aumentou muito e o meu perfil no Twitter foi até escolhido como um dos melhores (ou piores) do ano pela Revista Bula. Deixo o meu singelo “obrigado pra caralho” a todos. Vocês são a minha motivação para continuar escrevendo. Obrigado aos que manifestaram sua opinião no blog e aos que não manifestaram também. Aos que sempre me apóiam, aos que ajudam a divulgar os meus escritos por aí.
Prometo que, em 2011, o blog será, enfim, adaptado em um livro. Se até a Vera Fischer lançou o seu livro, sinto que agora é uma questão de honra. Um maravilhoso novo ano a vocês, com todas as suas coisas boas e até os inevitáveis dissabores. Que a gente continue reclamando, amando o que faz (seja o que for) e, principalmente, sabendo rir sempre.
Como despedida, republico um post que tem tudo a ver com esta época do ano. Beijos e abraços do Duda.
Boa noiteQuando eu ainda era criança, sem pêlos no saco, descobri minha paixão pelo jornalismo. Eu achava o máximo acompanhar, entre o Natal e o réveillon, o noticiário da TV com o resumão dos acontecimentos do ano. Enquanto meus colegas sonhavam ser astronautas, pilotos de Fórmula 1 ou galãs de cinema, eu queria ser apresentador de retrospectiva. Meus pais não entendiam a minha escolha. "Pô, Duda, apresentador de retrospectiva?”
Era o despertar de um jornalista. Ao longo do ano, eu guardava jornais e revistas com informações sobre o Brasil e o mundo – nessa época, não havia descoberto ainda a Playboy, a Ele&Ela e as preciosidades suecas. Definia a pauta do programa, redigia as laudas para leitura. Tudo isso muitos anos antes de aprender (ou desaprender) jornalismo na faculdade. Me preparava para o grande dia: a apresentação da minha retrospectiva, que podia ser feita em qualquer parte da casa, desde que existisse uma mesa para servir de bancada.
Eu usava um paletó de meu pai, gigante para mim. Na parte de baixo, apenas bermuda e chinelos, afinal era assim que diziam trabalhar os apresentadores de TV. Adotei óculos, para dar mais seriedade. Não havia câmeras na minha frente; apenas uma platéia, ao vivo, composta por parentes e amigos da família. Gente que fazia o maior esforço para estar ali.
– Esse menino fala que seu sonho é ser jornalista. Isso é coisa de vagabundo! Ele não quer é estudar – murmurava uma tia.
Um dos meus maiores apoiadores era meu avô, que se dizia um visionário.
– Esse moleque ainda vai ser jornalista, trabalhar na Globo e comer toda a mulherada.
Como ele vibrava com o meu “boa noite” na abertura de cada edição do resumão de notícias, ano após ano. Para mim, aquele era também um momento mágico.
Aos poucos, a platéia e o meu desejo de apresentar retrospectivas foram diminuindo. Com o crescimento dos pêlos no saco, meus interesses de fim de ano mudaram. Ah, as preciosidades suecas! O programa morreu, mas a paixão pela profissão jamais. Tanto que virei jornalista, como previu vovô.
Só não cumpri o resto de sua profecia.
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