Coisas e Coisas
ANDY WARHOL
O mundo da pintura de Andy Warhol (1928-1987) não é apenas o da pop art, não se reduz ao espírito optimista do
american way of life, em que se revelam os ícones da Coca-Cola, das latas Campbell, Marilyn Monroe, Elvis Presley ou Elizabeth Taylor. É também a da cadeira eléctrica, dos acidentes de viação, das séires
Death and Disasters (Warhol,
Miroir du Grand Monde, catálogo pequeno da exposição, p. 6).
Após ter concluído a licenciatura em design em Pittsburgh, mudou-se para Nova Iorque e começou a trabalhar como ilustrador de revistas como
Vogue,
Harper's Bazaar e
The New Yorker. Fazia ainda anúncios publicitários e montras de lojas. Warhol ia frequentemente ao cinema, gostando em especial de Shirley Temple e de Judy Garland. Imortalizou esta, mais a filha Liza Minnelli, nas suas pinturas. Muitas outras estrelas de cinema, assim como empresários e outras celebridades, procuraram-no para serem pintados por ele. A imagem começava com uma sessão de fotografias, onde os modelos eram maquilhados, com eliminação de toda as imperfeições. Cada pintura custava 25 mil dólares, baixando para 15 mil caso houvesse uma segunda obra.
The Factory foi, a partir de 1962, escritório e fábrica, agência de publicidade e espaço de inspiração teatral, musical e plástica para Warhol. Lou Reed e John Cale cantaram a Factory em
Songs for Drella (espécie de vida romanceada de Warhol e das suas relações interpessoais). Warhol está por detrás do êxito da banda
The Velvet Underground e Nico (Christa Päffgen, 1938-1988; Nico é o anagrama de
icon e foi-lhe dado Andy Warhol) e da capa do disco
The Velvet Underground e Nico, transformado no álbum da banana. O motivo, verdadeira transfiguração do banal em obra de arte pop, alarga-se a uma audiência muito maior que a das serigrafias que o autor realizava (Warhol,
Miroir du Grand Monde, catálogo pequeno da exposição, p. 24).
Data dessa época a amizade com a banda inglesa The Rolling Stone e o seu vocalista Mick Jagger.
O fascínio do cinema em Warhol leva-o a comprar equipamentos fotográficos e cinematográficos. Em 1963, roda
Sleep, captação silenciosa do sono do poeta John Giorno, facto escandaloso para a época. Em simultâneo, Warhol associou-se a músicos minimalistas como La Monte Young, Philip Glass e Steve Reich. Warhol desenvolveu uma incarnação plástica das estruturas minimalistas da música. Escândalo semelhante provocariam as suas pinturas
Camp, auto-retratos
drag em 1981, a partir de fotografias Polaroid.
Mas o que mais ficou da obra pop de Warhol foram os acrílicos sobre tela representando Marilyn Monroe, séries repetitivas da mesma imagem a que o pintor deu tonalidades e cores diferentes. Colocadas numa parede como aparece na presente exposição do Grand Palais em Paris adquirem uma ressonância de grande espectacularidade. Sim, Andy Warhol foi uma super-estrela do sistema das estrelas, uma celebridade no que fazia e no que dizia. Mas continua a inspirar toda a gente, como a capa do número de sexta-feira do caderno "Ípsilon" (jornal
Público). Seria Elvis Presley (acrílico de 1963) um cowboy ridículo ou um ícone cheio de
glamour?
E o que poderíamos dizer dos quadros de Ileana Sonnabend (1973), Sonia Rykiel (1986), Debbie Harry (cantora dos Blondie) (1980), Carolina Herrera (1979), Marella & Giovanni Agnelli (1972)?
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