Coisas e Coisas
André Sant'anna Versus a Crítica
Primeiro o Jerônimo Teixeira esculachou o livro do escritor André Sant'anna na Veja. Como resposta, o autor publicou um texto no Rascunho esculachando o crítico. Então o Bruno Garschagen citou o texto, criticou o autor chamando-o de "Paulo César Pereio da nova geração de escritores brasileiros" e ele deu sua resposta, lembrando inclusive que é publicado por uma das principais editoras do país, a Companhia das Letras.
O fato é que, como ele, muitos dos atuais escritores se incomodam muito quando a crítica resolve pegar no pé. E olha que a crítica brasileira é bem mansa quando diz que um livro é ruim.
Não quero defender aqui o André - que aliás já se defendeu sozinho do seu modo - mas tenho algumas observações sobre o post do Bruno. É preciso entender que o André Sant'anna trabalha com estereótipos do dia a dia, o senso comum emburrecido dos nossos tempos. Seu livro "Sexo" chama atenção justamente por isso, seus personagens são nomeados por seus estereótipos: a mulher vendedora de Avon, o jovem executivo bem-sucedido, etc. Esse personagens são construídos a partir de ações estereotipadas e o palavrão, os pensamentos ocos e as imagens de sexo são inegavelmente características dessa burrice do senso comum contemporâneo. Os textos citados pelo Bruno sem dúvida podem ser criticados, mas é preciso ressaltar que de modo algum são representativos.
Minhas críticas aos textos do André Sant'anna passam, portanto, por outro caminho. Em primeiro lugar, essa escolha pela esculhambação cansa muito fácil. Isso já fica evidente em "O Paraíso é Bem Bacana", quando o Mané - jogador de futebol que resolve se tornar um extremista religioso - fica delirando páginas e páginas. Em pouco tempo a gente vê que não dá, tudo aquilo cansa. Se em "Sexo" o ritmo é ágil e os estereótipos são engraçados, em "O Paraíso é Bem Bacana" o ritmo é arrastado e o estereótipo é enfadonho. Em segundo lugar, esse papel de revelador das mazelas intelectuais estereotipadas parece algo um tanto quanto ultrapassado. Sugere que o escritor está acima disso tudo, quando vez por outra vemos o mesmo escritor cumprir esse papel. Por exemplo, quando reclama do que a crítica diz.
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