A TELEVISÃO SEGUNDO FRANÇOIS JOST
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A TELEVISÃO SEGUNDO FRANÇOIS JOST



François Jost tem um blogue, o Comprendrelatele, onde analisa a actualidade, a entrevista, os noticiários e a programação televisiva. No passado dia 22 de Outubro, ele respondeu a perguntas de Jair Fernandes Melo, do jornal brasileiro A Tarde (ver aqui, com tradução de Simone Ribeiro). Uma das perguntas foi: "Em seus livros, o senhor aponta três mundos onde se inserem os programas de televisão: real, ficção e jogo. Os reality shows são uma mistura deles três"?

Respondeu François Jost:


O livro de Jost, Seis Lições sobre Televisão (2004), oferece uma leitura semiótica sobre o meio audiovisual. Dividido em seis capítulos, correspondentes ao mesmo número de aulas, nota-se um crescendo teórico no seu texto. Assim, a um primeiro capítulo sobre comunicação televisiva, Jost apresenta a dicotomia de modelos de contrato e de promessa. No segundo capítulo, ele fala de três mundos do meio: real, fictício e lúdico. Na terceira aula assiste-se à aplicação das oposições anteriores ao reality-show, enquanto na quarta aula Jost interroga a origem da ficção através da escrita de John Searle. Se a quinta aula se posiciona entre a ficção e a realidade, a partir de um texto de Käte Hamburger, no sexto capítulo o autor vai buscar inspiração a Gérard Genette, autor que estudou profundamente.

De Genette retira, por exemplo, a noção de tempo, decomposta em ordem, duração, frequência. Genette trabalha também a categoria de focalização, a relação de conhecimento entre o narrador e a personagem (p. 128). O conhecimento do narrador é maior que o conhecimento das personagens (focalização zero), tanta como a das personagens (focalização interna) e menor que a personagem (focalização externa).

Um outro conceito que Jost operacionaliza é o de contrato, usado por analistas do discurso e por semióticos. Fala-se, por exemplo, de contrato com o leitor. Em televisão, diz ele, contrato pode definir o acordo pelo qual emissor e receptor reconhecem que se comunicam e o fazem por razões compartilhadas (p. 9). Mas se o número de receptores se alarga, por exemplo, para um milhão, esse contrato torna-se difícil de compreender. Por isso, Jost propõe a sua substituição pelo modelo de promessa. Dá o exemplo da comédia, que existe para fazer rir, ou do "ao vivo", que ilustra a autenticidade e simultaneidade do momento.

Leitura: François Jost (2004). Seis lições sobre televisão. Porto Alegre, Rio Grande do Sul: Editora Sulina



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