A máquina de café
Coisas e Coisas

A máquina de café


Jornalista vive sem plano de carreira, sem reajuste salarial decente, sem folga, mas jamais viveria sem a máquina de café por perto. A máquina de café deveria ser tombada como patrimônio histórico da redação. Não é um simples objeto inanimado. Faz parte de nossa equipe de trabalho, fiel e companheira, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na pobreza... e na pobreza dos jornalistas, todos os dias, a qualquer hora.

A máquina de café é inspiradora. Tem um poder milagroso de acabar com os nossos bloqueios criativos. Ao seu lado, nascem idéias de pauta, de leads, de manchetes. A máquina de café é fonte de energia para quem vai enfrentar um longo pescoção, reduto de peregrinação constante dos que estão com os olhos quase fechando de sono, mas ainda têm muito a escrever antes de partir.

A máquina de café é ponto de encontro dos colegas de redação, para relaxar a mente, dar aquela alongada no corpo sedentário, rir à vontade, fofocar, paquerar, desabafar, mandar o chefe FDP para a PQP. Quem disse que jornalista não tem vida social? E o melhor: ao contrário dos motoristas de jornal, as máquinas de café são confiáveis, escutam tudo e não ficam espalhando a intimidade alheia por toda a redação.

A máquina de café é imexível, como diria aquele antigo ministro do Trabalho. É um direito adquirido pelos jornalistas. Que nenhum dono de periódico ouse retirar uma máquina de café de uma redação. Seria uma afronta, o mesmo que um diretor de presídio proibir a visita íntima aos encarcerados. Sem a máquina do café, os jornalistas se rebelariam. Ficariam amotinados, ameaçariam colocar fogo em suas mesas, seqüestrariam os assessores de imprensa que estivessem no local e matariam um por um, a cada 30 minutos, começando pelos mais chatos.



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