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50 Anos de Rádio em Angola
50 Anos de Rádio em Angola, de José Maria Pinto de Almeida, é um livro de memórias de gente que fez rádio naquele país, do arranque das estações em cada cidade (Rádios Clubes) até 1975 (em alguns casos até depois). Não é uma história da rádio mas uma história das pessoas que fizeram a rádio. Não é um livro de um autor mas de muitos locutores, técnicos e homens de cultura que nasceram em Angola ou adotaram aquele país como o seu. Ao ler o livro, verifico que a rádio em Angola teve tão ou maior importância que em Portugal - pela dimensão, pela originalidade, pelas influências (Portugal, Brasil, culturas locais).
É um livro de cultura maioritariamente branca, pensei num primeiro momento. Mas o que este retrata nos 50 anos de rádio naquele país foi o que foi feito, logo não existe razão para a crítica. E, depois, cria espaço para os esforços de promoção da música angolana, branca e negra. Se aparece o Duo Ouro Negro, há atenção para N'gola Ritmos, Elias Dia Kimuezo, Liceu Vieira Dias (Muxima), Lurdes Van-Dúnem.
Da leitura das páginas do livro de José Maria Pinto de Almeida, revejo alguns dos nomes mais importantes na rádio portuguesa, a começar pelo pioneiros Fernando Curado Ribeiro e Joana Campina, idos para Nova Lisboa (Huambo). Mas também Fernando Alves, Emídio Rangel, Carlos Cruz, Carlos Brandão Lucas, Alexandre Caratão, Sebastião Coelho, Paulo Cardoso, Alice Cruz, Maria Dinah, Adelino Gonçalves, Jaime de Saint-Maurice, Celestino Leston Bandeira, Jorge Pêgo, António Macedo, António Taklim, Jorge Perestrelo, Rui Romano, Júlio Coutinho Antunes, Humberto Mergulhão e Natália Bispo. E muitos outros, que nunca ouvira os nomes.
Há estações que registo como sendo das mais importantes, como Rádio Clube de Huíla, Rádio Clube de Huambo, Rádio Ecclesia, Rádio Clube de Angola, Emissora Oficial de Angola. E programas como
Luanda (de 1962 a 1975). José Maria Pinto de Almeida, o autor do livro, foi também o grande animador do programa (pp. 46-49). No arranque do programa, ele é apresentado como um rapazinho desconhecido que dançava twist, o ritmo da moda, no cinema Restauração, operadorzeco que substituía o operador Armando Rebordão Correia na abertura da estação às sete da manhã, já a mostrar uma tendência para a sonoplastia. Quem o conhece dele diz que foi o maior sonorizador da rádio angolana e, com isso, também ganhou muita fama e proveito. O livro agora editado é o velho sonho dele - um balanço de carreiras fabulosas e ricas de locutores, sonoplastas e escritores. Onde descobri, por exemplo, que Leston Bandeira foi locutor de desporto para os lados longínquos do Moxico (estou certo do sítio?).
Ao ler o livro é que compreendi a saudade dos que deixaram Angola: os cheiros, a savana, a Mutamba e o Bairro Operário de Luanda, os embondeiros e os animais, a poesia e as artes. Em que a rádio, lê-se no livro, foi um elemento muito importante. Nestes dias de leitura do livro, fiquei apaixonado por Angola e encantado pela cultura feita pelos homens da rádio em Angola.
Leitura: José Maria Pinto de Almeida (2016).
50 Anos de Rádio em Angola. Casal de Cambra: Caleidoscópio. 247 páginas, 34,98 euros.
Observação: ao longo do texto, a maior parte das palavras não estão separadas, o que causa bastantes problemas de leitura.
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